O vento frio da noite começava a chegar enquanto as pessoas, aglomeradas em uma fila cada vez maior, conversavam e buscavam se acomodar o melhor que podiam sobre a calçada. Alguns levaram cadeira e travesseiro. Outros jantaram ao ar livre. A espera seria longa e cansativa, como nos anos anteriores. Mas o que aquecia o coração dos que persistiam ali era a esperança de verem seus filhos matriculados naquela que é considerada uma das melhores escolas públicas de Quixadá, a José Jucá.
Esta cena aconteceu na noite da quinta-feira (17).
Coincidentemente, a Secretária de Educação, Lígia Leão, passou pela frente da escola no momento em qua a fila crescia. Sensibilizada com a situação dos pais e mães, orientou que a escola fosse aberta e que os pais pudessem esperar no interior das salas, auditório e demais espaços, de modo a diminuir a aglomeração e oferecer mais conforto a quem esperava.
Lígia contou ao DQ que ficou muito emocionada com a reação dos pais e mães quando entraram na escola. Completamente reformada, a José Jucá tem, hoje, uma estrutura que em nada deixa a desejar em comparação com as melhores instituições particulares da cidade.
“Eu não acredito que meu filho vai estudar numa escola assim”, disse uma mãe enquanto visitava cada sala de aula climatizada, limpa e com mobiliário novo. De fato, a pandemia não deixou que pais e mães contemplassem em primeira mão como estão a maioria das escolas do município, com ambientes reformados, climatizados, prontos para receberem as crianças e adolescentes e para fornecer-lhes boas condições de aprendizado. Há muitos anos as escolas púbicas de Quixadá não passavam por uma reforma tão ampla.
Num dos corredores, uma senhora se balançava na cadeira que havia trazido de casa, enquanto polemizava com outras mães ao seu lado: “Como puderam tirar esse homem?” Ela se referia a Ilário Marques, prefeito que não foi reeleito neste ano para mais um mandato.
Curiosamente, a única vez em que Quixadá teve escola nota dez premiada foi durante uma das gestões de Ilário, quando ele primeiro recuperou a estrutura física da educação e, depois, implementou mudanças em seu mandato de reeleição, em 2008. Não poderá fazê-lo desta vez, mas deixa uma situação pronta para avanços importantes.
Por episódios assim se infere a grande responsabilidade do próximo gestor. Não pode decepcionar fazendo menos.
As disputas políticas não deveriam ameaçar uma área tão importante como a educação. Na verdade, mesmo na alternância de poder dentro do sistema democrático, as boas práticas deveriam ser continuadas sem interrupção, de modo a garantir resultados cada vez mais positivos. A avaliação da educação municipal não deve se basear em termos típicos da disputa eleitoral, mas na observação do compromisso com a organização do sistema, com o planejamento adequado, com investimentos estratégicos em infraestrutura, com responsabilidade financeira e fiscal. É assim que se constrói uma educação que caminha para frente, que supera as crises e que contribui para a construção de uma sociedade mais justa.
