O Governo do Ceará realizou, na terça-feira (11), a entrega do Prêmio Escola Nota Dez às 362 escolas públicas cearenses que se destacaram no ano de 2019. Durante o evento, foram divulgados os resultados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Estado do Ceará (Spaece) do ano passado. Pela primeira vez na história, todos os 184 municípios cearenses atingiram o nível desejável de alfabetização.
Quixadá
No vídeo abaixo, o Governador Camilo Santana faz observações durante premiação de Quixadá no Spaece 2019.
A última vez que Quixadá teve uma de suas escolas premiadas com o reconhecimento de Escola Nota 10 aconteceu em 2008, na gestão anterior do atual prefeito, Ilário Marques. Naquela época, quando os índices positivos da educação municipal haviam entrado numa curva exponencial de crescimento, a Escola Francisca Pereira das Virgens ganhou o prêmio e embolsou a quantia de R$ 230.625,00.
Mas a política de condução da educação quixadaense mudou muito após 2008. De um movimento de subida no ranking estadual, Quixadá começou a perder posições e chegou a alguns dos últimos lugares em 2016, conforme mostram gráficos disponibilizados pela Secretaria de Educação. De 2012 a 2014, por exemplo, a educação local sofreu baixas enormes na pontuação do Spaece.
Avançar no Spaece é uma luta árdua e de longo prazo. Resultados positivos em educação, como sabem os professores e especialistas da área, não acontecem da noite para o dia. Mas Quixadá tem motivos para comemorar: 2019 foi o ano em que o município mais avançou na pontuação do Spaece nos últimos 12 anos.
Maior pontuação dos últimos 12 anos
O Spaece avalia os alunos do segundo, quinto e nono ano do ensino fundamental nas matérias de português e matemática. O ano de 2017 devolveu a condução da educação ao mesmo gestor de 2008 e, sem surpresas, desde então o município está numa curva crescente de maior velocidade, com cada novo ano superando o anterior.
Tome como exemplo a matéria de língua portuguesa do 2º ano. Aqui, o município de Quixadá alcançou nos últimos 3 anos mais pontos do que foram conseguidos nos 8 anos anteriores a 2017. Em 2008, pontuava 132,5; e em 2016 – oito anos depois – pontuava 153,6, o que representa uma conquista de 21,1 pontos. Em comparação, o município saiu dos 153,6 em 2016 para 184,3 em 2019 – em apenas 3 anos -, o que representa uma conquista de 30,7 pontos.
O resultado melhor dos últimos três anos em relação àquele obtido nos oito anos anteriores a 2017 prova, sem nenhuma dúvida, que alguma coisa positiva aconteceu na educação do município. Mais à frente tratamos disto.
Outro dado surpreendente: Em relação à proficiência no 2º ano, Quixadá chegou a cair 17 pontos na gestão de 2013 a 2016. Apenas em 2019, porém, o crescimento foi de 23 pontos, o maior da história do município. A amplitude desse crescimento é, em relação à queda de 17 pontos, de impressionantes 40 pontos!
O resumo do avanço de Quixadá em 2019 no ranking estadual em relação a 2016 fica assim:
– No 2º ano, o município avançou 22 posições;
– Em língua portuguesa do 5º ano, avançou 9 posições;
– Em matemática do 5º ano, avançou 15 posições;
– Em língua portuguesa do 9º ano, avançou 7 posições;
– Em matemática do 9º ano, avançou 1 posição.
Esse avanço acontece dentro de uma complexa dinâmica de crescimento de todas as escolas do Ceará.
A Secretária de Educação, Lígia Leão, explicou ao Diário de Quixadá que, hoje, o crescimento de cada escola em Quixadá é acompanhado individualmente. Isto permite que professores e técnicos da secretaria identifiquem as dificuldades de cada escola e forneçam planejamento e orientação para a superação. A volta de Quixadá a uma tendência de crescimento da curva de bons resultados mostra que o planejamento, que é de longo prazo, está funcionando.
É profundamente significativo observar que, em qualquer das matérias avaliadas no Spaece, Quixadá só cresceu e subiu no ranking de 2017 para cá, não retrocedeu em nada, como aconteceu várias vezes entre 2009 e 2016.
Produzir esse resultado positivo envolveu decisões políticas e administrativas corajosas e bem pensadas. Envolveu, também, planejamento para tornar possível retomar os investimentos na estrutura física dos equipamentos da educação pública e nos seus recursos humanos. E isto se deu diante de um cenário desolador encontrado em janeiro de 2017.
Saiu das ruínas
Em dezembro de 2016, a energia elétrica da Secretaria de Educação estava sob ameaça de corte, com vários meses em atraso. Os técnicos que atuavam no local viviam sob a ameaça de ter que trabalhar no escuro. Isto dá um indicativo do que se podia observar em todo o resto da estrutura física da educação municipal naquele período.
Tome como exemplo a escola Simplício Alves de Queiroz, na Serra do Padre, distrito de Custódio. Em ruínas após ter sido abandonada pelo poder público, a escola foi desativada e deixou de atender as crianças de dezenas de famílias. A foto abaixo mostra o que seria uma sala de aulas.
Neste mesmo espaço completamente destruído e abandonado, hoje se pode observar uma escola renovada, reformada e incluída nos equipamentos de promoção da educação municipal. Faça a comparação do espaço antigo com a foto abaixo, mais atual, mostrando o mesmo local.
Essa simples comparação dá uma noção do que tem acontecido de 2017 para cá na educação quixadaense. Agora preste atenção nas expressões daqueles que fazem a escola Rosa Baquit, no bairro Carrascal. O equipamento também passou por ampla reforma, algo que não acontecia desde sua fundação, há 19 anos. Assista.
Contrário ao argumento de cunho político, segundo o qual as ações da prefeitura só aconteceram em 2020, nos últimos 3 anos já foram reformadas e reinauguradas 23 escolas em Quixadá, algumas retomadas de condições de destruição quase total.
As fotos abaixo mostram espaços reformados das Escolas João Araújo Torres, na Zona Rural; Benigno Bezerra, no bairro Campo Velho e José Bonifácio de Sousa, no bairro Campo Novo.
Além das 23 já reformadas, outras 7 prosseguem em reforma. Integrados à Secretaria de Educação, também passam por reformas a Biblioteca Pública Municipal e o prédio da Banda de Música.
Um detalhe curioso é que, agora, a maioria das escolas públicas na cidade são climatizadas, o que ajuda a melhorar o ambiente de aprendizagem das crianças e adolescentes.
A Constituição Federal exige que os municípios apliquem ao menos 25% de sua receita resultante de impostos e transferências na manutenção e no desenvolvimento da Educação. Em Quixadá, Ilário Marques tem investido mais que o dobro disso, chegando a até 58.15%, talvez um dos maiores esforços financeiros pela educação feitos por um município do Ceará dentro de limitações acentuadas pela diminuição de repasses e pela crise financeira que assola o país.
Estas melhorias citadas são apenas um reflexo do que está acontecendo em toda a estrutura física da educação municipal, o que ajuda, em parte, a explicar o avanço dos últimos três anos nos resultados do Spaece e a colocar Quixadá numa linha ascendente de crescimento no ranking estadual. O futuro é muito promissor.
Professores atacados em ano eleitoral
O acalorado ambiente de disputa política em Quixadá tem levado grupos com ambições por poder a atacarem professores da rede pública municipal.
Nesta quarta-feira (12), por exemplo, ao comentar a divulgação dos resultados do Spaece 2019, veículos de comunicação ligados ao pré-candidato Ricardo Silveira, parceiro político do ex-prefeito João da Sapataria nas eleições de 2016, desconsideraram todos os números que mostram avanços importantes na educação municipal, nada disseram sobre os investimentos na reforma de 23 escolas e, na tentativa de atacar o atual gestor, de quem são adversários 24 horas por dia, descreveram o resultado do trabalho dos professores como “capenga” e merecedor de “rebaixamento”.
Mostrando absoluto desconhecimento do dinamismo complexo que contextualiza o Spaece, compararam a divulgação dos resultados – pasmem! – a um campeonato de futebol, e disseram que o resultado do trabalho dos professores de Quixadá mereceria rebaixamento. Ignorância da realidade ou divulgação proposital de desinformação.
Como se pode ver nos números, gráficos, fotos e vídeos mostrados nesta matéria, o que se dá é o exato oposto: os professores de Quixadá tem feito nos últimos 3 anos um trabalho de superação dos oito anos anteriores a 2017 e merecem elogios em vez de críticas. O ambiente de descontentamento e decepção, que supostamente existe entre eles, conforme sugerem as mídias do médico Ricardo Silveira, só existe na imaginação desesperada de militantes.
Os ataques aos professores, colocando-os como produtores de resultados “capengas” que mereceriam “rebaixamento”, simplesmente não condizem com a credibilidade e respeito desfrutados pelos professores de Quixadá.
Algo que dá prova disto é o fato de que, recentemente, a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 12), ofereceu 14 vagas para professores dos 8 municípios de sua competência para a formulação do Documento Curricular Referencial do Ceará (DCRC). Este material estabelece as bases para que o currículo das escolas cearenses seja vivo e prazeroso, de modo a assegurar as aprendizagens essenciais e indispensáveis a todas as crianças e adolescentes no território do Estado do Ceará.
Grupos políticos que focam apenas em suas ambições por poder talvez nem façam ideia do que isto representa, mas das 14 vagas da Crede 12 para a formulação do DCRC, 12 foram preenchidas por profissionais ligados à Secretaria Municipal de Educação de Quixadá. Profissionais que, na visão destes políticos, mereceriam rebaixamento, estão, na verdade, qualificados como referências para o Estado do Ceará inteiro.
O prejuízo da interrupção
Um episódio ocorrido em 2018 em Quixadá se tornou emblemático de como a interrupção de um trabalho exitoso pode trazer prejuízos enormes para os resultados da educação em um município.
Após quase 2 anos de recuperação dos resultados na educação de Quixadá e de investimentos em sua infraestrutura, Ilário Marques foi afastado das funções de prefeito por causa de acusações feitas pela própria oposição. Em seu lugar assumiu o vice, João Paulo de Menezes Furtado. Ele escolheu não dar continuidade aos trabalhos na educação e interrompeu tudo o que estava acontecendo. Trocou a chefia da pasta, trocou os diretores das escolas, num movimento brusco de descontinuidade de gestão e até cancelou o fornecimento de merenda aos alunos, o que resultou numa evasão escolar monstruosa no período. João Paulo também paralisou o serviço de transporte de alunos na busca desenfreada para encontrar nas empresas que faziam o serviço qualquer coisa contra o prefeito afastado e, assim, permanecer mais tempo no poder.
Os prejuízos para a educação foram enormes. Naquele ano, Quixadá teve resultados ruins no Spaece, que aconteceu praticamente na mesma semana em que Ilário Marques voltou à prefeitura e precisou correr para corrigir toda a bagunça que havia sido criada no governo interino. Teve que, às pressas, reativar o serviço de transportes para garantir que os alunos pudessem fazer a prova do Spaece. Os meses anteriores ao Spaece, que geralmente são de preparação mais intensa dos alunos, simplesmente não foram aproveitados. Irresponsabilidade indesculpável!
O que aconteceu com os resultados de língua portuguesa do 5º ano ilustra bem essa situação. Em 2016, último ano da gestão João da Sapataria, Quixadá tinha obtido resultado negativo de -3,8. Em 2017, o município conseguiu recuperar a situação e alcançou impressionantes 10,7 pontos de crescimento. Tudo indicava que 2018 seria ainda melhor. Daí veio o afastamento do prefeito e o desmantelamento da política de condução da educação municipal. O resultado, então, foi de 0,9, um prejuízo que vai ficar gravado na história. Não por acaso, após o retorno de Ilário Marques à prefeitura, a situação foi sendo reconstruída novamente e, em 2019, o município voltou a cravar positivamente 7,9 pontos de crescimento.
Futuro promissor
As disputas políticas não deveriam ameaçar uma área tão importante como a educação. Na verdade, mesmo na alternância de poder dentro do sistema democrático, as boas práticas deveriam ser continuadas sem interrupção, de modo a garantir resultados cada vez mais positivos. A avaliação da educação municipal não deve se basear em termos típicos da disputa eleitoral, mas na observação do compromisso com a organização do sistema, com o planejamento adequado, com investimentos estratégicos em infraestrutura, com responsabilidade financeira e fiscal. É assim que se constrói uma educação que caminha para frente, que supera as crises e que contribui para a construção de uma sociedade mais justa.