Dona Isídia Maria da Silva Fernandes, 64 anos, faleceu nesta terça-feira, 13, vítima de um câncer contra o qual havia lutado e vencido há alguns anos, mas que retornou violentamente nos últimos meses.
Nascida em 1953 em Choró, quando este ainda era distrito de Quixadá, Dona Isídia mudou-se em 1973 para a sede do município junto com sua família. Naquela época, ela tinha apenas 20 anos.
Figura ilustre, Dona Isídia foi a primeira mulher a ingressar como instrumentalista na Banda de Música de Quixadá. Ela teve seu primeiro contato com a Banda Municipal em 1974, quando assistiu a uma apresentação no Estádio Abilhão. Ficou deslumbrada e pediu ao lendário Maestro Zé Pretinho – que possui no seu histórico o fato de ter tornado a banda de música de Quixadá um espaço misto, aberto à participação das mulheres -, para aprender música. Sua mãe, Dona Raimunda Evangelista, foi uma das grandes incentivadoras.
Dona Isídia escolheu o trompete, da família dos metais, o que pode revelar um pouco de seu espírito desbravador no campo da luta por igualdade de gênero, já que este não era, na época, um instrumento considerado adequado para mulheres. Sem saber disto, foi pioneira na reivindicação de respeito ao poder do gênero feminino num universo completamente dominado por homens.
Dona Isídia deixa um legado para toda uma geração de mulheres que lutam por direitos iguais para todos e pela busca incessante dos próprios sonhos. Ela era casada e tinha dois filhos, ambos músicos.