Se eu pudesse aconselhar mulheres sobre um aspecto imprescindível para o seu bem estar futuro, seria: não deixe sua carreira, profissão e formação ao casar e tenha isso como prioridade.
Eu sei, como mulher que sou, que equilibrar trabalho, família, casa e jornadas absurdas não é fácil. Mas jamais deixem de ganhar seu próprio dinheiro e continuar crescendo profissionalmente.
Esse conselho pode gerar polêmicas, principalmente entre os mais conservadores que colocam como atribuição feminina prioritária o cuidado com a casa e os filhos.
Embora vivamos em uma sociedade que idealiza (e queremos) o “felizes para sempre” nos relacionamentos conjugais, a realidade nem sempre é um filme da Disney.
Afirmo sem medo de errar, que é a sua formação profissional e sua liberdade financeira que te salvarão SE o conto de fadas se transformar em um drama ou um terror.
Quando um casamento desmorona e as relações se tornam abusivas, muitas vezes violentas, são as mulheres que abdicaram da sua independência financeira que pagarão um preço maior.
Nesses casos existem dois difíceis caminhos: no primeiro, a mulher tentará retornar a um mercado de trabalho competitivo e desigual, com um currículo frágil, estancado, sem experiências, sem formação, com a tutela dos filhos, tendo que arcar com os gastos da sobrevivência e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma rede de apoio.
O segundo caminho, talvez o mais triste e perigoso, é continuar dentro de uma relação doentia e muitas vezes violenta, por não ter para onde ir ou como se manter, baseando-se no “ruim com ele, pior sem ele” ou no “ele é ruim pra mim, mas não deixa faltar nada em casa”.
Essas se tornam escravas de uma vida infeliz, onde todas as suas necessidades, inclusive as mais pessoais, como roupa, sapato, lazer, etc, passa pelo controle do cônjuge e é ele que determinará se a concederá ou não.
Toda mulher deve ter sua autonomia financeira, afinal, já sabemos que príncipes encantados podem se tornar dragões, é importante que sejamos as que tiram a si mesmas da torre.
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Sobre a autora: Kercya Nara é formada em Letras, Especialista em Literatura e formação do Leitor. É Mestra em Literatura e Interculturalidade. Pesquisa sobre Representação Feminina na história, nas artes e na sociedade desde 2004. Atua como professora universitária nas Áreas de Literatura, Letramento, Comunicação, Pesquisa e Produção Científica. Escreve para o DQ todos os domingos, discutindo assuntos como autocuidado físico, social, mental e profissional.