Crianças na Faixa de Gaza estão demonstrando cada vez mais sinais de traumas, após duas semanas de intensos bombardeios de Israel, dizem pais e psiquiatras no pequeno e lotado enclave, sem um lugar seguro para se esconder das bombas e com pouca perspectiva de trégua.
Crianças compõem quase metade da população de 2,3 milhões de pessoas em Gaza, vivendo sob quase constante bombardeio, com muitas aglomeradas em abrigos temporários em escolas administradas pelas Nações Unidas (ONU) após fugirem das suas casas, com pouca comida ou água potável.
Israel deve lançar um ataque por terra contra Gaza em breve, em resposta à ofensiva de terroristas do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro que matou mais de 1,4 mil pessoas, com outras 210 mantidas como reféns.
“As crianças (…) começaram a desenvolver sintomas sérios de trauma, como convulsões, molhar a cama, medo, comportamento agressivo, nervosismo e não sair de perto dos pais”, disse o psiquiatra de Gaza Fadel Abu Heen.
Mais de 4,1 mil palestinos foram mortos em Gaza até agora, incluindo mais de mil crianças, enquanto 13 mil pessoas ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.
As condições nos abrigos improvisados em escolas da ONU, onde mais de 380 mil pessoas estão abrigadas na esperança de escapar dos bombardeios, apenas agravam o problema.
Às vezes, há 100 pessoas dormindo em uma sala de aula, que exige limpeza contínua. Há pouca eletricidade e água, então os banheiros e vasos sanitários são muito sujos.
“Nossos filhos sofrem muito à noite. Choram a noite inteira, urinam em si mesmas sem querer e eu não tenho tempo de limpar”, disse Tahreer Tabash, mãe de seis filhos se abrigando em uma escola.
Mesmo lá, eles não estão seguros. Essas escolas foram atingidas várias vezes, disse a ONU, e Tabash viu ataques acertando prédios próximos. Quando seus filhos ouvem uma cadeira sendo movida que seja, pulam de medo, disse.
“Essa ausência de qualquer espaço seguro criou uma sensação geral de medo e horror entre toda a população, e as crianças são as mais impactadas”, disse o psiquiatra Abu Heen.