Recentemente ouvi de uma colega que o seu cansaço derivava do fato de ter dois adolescentes dentro de casa. Quando questionei quem era o outro adolescente, já que ela só tem um filho, ela falou que era o marido. Segundo a mesma, era chato ter que solicitar que ele desse sua contribuição nas tarefas domésticas, e que um adulto funcional, sócio gestor de uma família, poderia fazer sem solicitação.
É ridiculo o fato de homens que fazem o mínimo serem chamados de heróis, ao passo que grandes mulheres, que fazem o todo, são desmerecidas.
O machismo estrutural é tão enraigado, que homens , são colocados na prateleira das espécies raras apenas por varrerem a casa.
No entanto, mulheres são cobradas socialmente para equilibrar as suas vidas entre trabalho (chefes, colegas, produtividade e resultados), sociedade financeira (divisão dos gastos familiares), casa (faxina), filhos (formação, e maternagem), família anterior (cuidar dos pais, ser rede de apoio para os irmãos), estudos (para continuar progredindo profissionalmente), autocuidado (cabelo, unha, depilação, treino, terapia), vida sexual e atenção ao companheiro (uma boa disponibilidade pra cama) e algum lazer.
Por mais que façamos tudo, sempre seremos inviabilizadas, seja porque a criança foi com as unhas sujas para escola, seja porque a nossa aparência não está agradando ou porque a sogra acha que o fillho (o tal marido adolescente) não é “bem cuidado”.
No entanto, o homem, para quem a cobrança social se instaura apenas na ideia de prover os alimentos (tal e qual na sociedade dos caçadores), se apenas lavar a louça do café, mesmo deixando-a em cima da pia (para depois a esposa secar e guardar), será coroado como o melhor “presente de Deus”.
Talvez a solução para isso esteja na formação dos nossos meninos, para que eles sejam adultos funcionais, sócios e colaborativos, em equidade com suas companheiras em suas futuras famílias e para as mulheres a compreensão de que elas são potentes demais para maternar homens adultos.