Quixadá registra 13 mortes por Covid-19 em 20 dias, mas comércio pressiona pelo fim do lockdown

Quixadá registra 13 mortes por Covid-19 em 20 dias, mas comércio pressiona pelo fim do lockdown. (Foto: Jândreson Gomes)

O município de Quixadá, no Sertão Central, registrou 13 novas mortes por Covid-19 nos últimos 20 dias, elevando o número de vítimas fatais da doença de 109 para 122. Dessa quantidade, 8 óbitos foram registrados apenas nos últimos 4 dias. Isso equivale a duas pessoas mortas a cada 24 horas, um número realmente assustador! Pelo cenário que se desenha, o mês de maio de 2021 tem potencial para ser ainda mais letal do que maio de 2020, que registrou 30 mortes.

Quixadá está com seus 36 leitos de enfermaria ocupados, sem contar os pacientes do município que estão internados no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC) e em outras unidades de referência do Estado, como os hospitais de Fortaleza. Além disso, o município possui 635 casos confirmados em pleno desenvolvimento. Deste grupo, quantos podem piorar e precisar de internação nos próximos dias? Não dá para dizer, mas a letalidade da doença em Quixadá tem subido nas últimas semanas, segundo o IntegraSUS, banco de dados da Secretaria de Saúde do Ceará. Isto quer dizer, infelizmente, que é cada vez maior a probabilidade de morrer para aqueles que estão indo parar nas UTIs.

Apesar do esgotamento do sistema local de saúde e da enormidade da luta dos profissionais de saúde que se viram como podem para tentar salvar aqueles sob seus cuidados, há enorme pressão de setores da sociedade pelo afrouxamento das medidas sanitárias, especialmente do lockdown. Essa pressão vem principalmente dos comerciantes. Muitos votaram no atual prefeito, Ricardo Silveira, acreditando que ele não adotaria lockdown. A medida, no entanto, é correta e cientificamente comprovada como eficaz. Quanto menos circulação de pessoas, menos possibilidade de movimentação do vírus.

Isso não quer dizer, porém, que o lockdown funciona só porque foi decretado. Sem adesão da população e sem intensa e séria fiscalização, não há mesmo como funcionar.

Nesta segunda-feira, 03, a própria Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) publicou uma nota oficial contra o lockdown em Quixadá. A nota, basicamente, questiona o foco do lockdown, que barra o comércio varejista e, ao mesmo tempo, permite o funcionamento de instituições bancárias, lotéricas e farmácias. Diz que o comércio não é o culpado pela proliferação do vírus. O DQ vai falar mais sobre essa nota em outra publicação, pois discordamos dela e a qualificamos como um desserviço público a abordagem fática e científica da questão, trazendo argumentos periféricos que apenas confundem aquilo que realmente deve ser o foco da discussão. Mas a nota ilustra, por si só, a pressão do comércio pelo afrouxamento das medidas sanitárias. É assim agora e foi assim no ano passado.

Com uma segunda onda devastadora da pandemia, os próximos dias poderão testemunhar a maior tragédia humana que já se abateu sobre Quixadá em toda a sua história.


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