Paciente de 70 anos realiza cirurgia complexa no HRSC, em Quixeramobim, sem usar transfusão de sangue

Paciente de 70 anos realiza cirurgia complexa no HRSC, em Quixeramobim, sem usar transfusão de sangue.

Nesta quarta-feira, 20, a aposentada Núbia de Aguiar da Silva, 70, recebeu alta do Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), localizado em Quixeramobim, apenas um dia depois de ter passado por uma cirurgia complexa. Ela foi a primeira paciente a passar por um procedimento tão invasivo com a reutilização do próprio sangue no HRSC. A cirurgia ocorreu na terça-feira, 19.

Dona Núbia passou por uma cirurgia no fêmur. No procedimento, não foi realizada nenhuma transfusão sanguínea heteróloga, quando o hemocomponente é proveniente da doação de outro indivíduo. O processo de reaproveitamento do sangue foi feito com um equipamento do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), que proporciona esse tipo de reuso do sangue em cirurgias.

“Essa primeira situação aconteceu não porque a cirurgia requeresse esse tipo de aparato, mas pela condição da paciente. Tendo em vista essa atenção centrada no usuário, nós resolvemos junto aos familiares essa ponte com o Hemoce, que nos ajudou em relação à logística, nos fornecendo um funcionário e o equipamento para que o procedimento acontecesse da melhor forma possível”, ressalta o coordenador do Centro Cirúrgico Geral do HRSC, Daniel Rodrigues.

A diretora geral do Hemoce, Luciana Carlos, ressalta que a máquina é utilizada em casos de cirurgia de grande porte e de urgência. “Com a máquina de recuperação intraoperatória é possível reduzir a necessidade de transfusão de sangue, pois o equipamento retira o sangue que seria perdido e recupera para ser novamente transfundido no paciente. Isto é importante tanto para pessoas que têm alguma incompatibilidade sanguínea ou para aquelas que por outro motivo se recusem a receber transfusão de sangue”, explica a hematologista.

Núbia de Aguiar da Silva, 70.

A utilização do aparelho se deu por causa das convicções religiosas da paciente, que é Testemunha de Jeová e, como tal, busca tratamentos médicos que não utilizem qualquer tipo de transfusão. “Apesar de ser um meio novo para o hospital, toda a equipe abraçou a ideia e respeitou a decisão da minha mãe. Saber que no HRSC tem médicos cooperadores que abraçam essa causa, é muito gratificante”, afirma a filha da paciente, Monique Aguiar.

O uso corriqueiro de transfusões de sangue tornou o procedimento aceitável para a maioria dos pacientes. Poucos o contestam ou se atentam para o fato de que transfusões podem ser, além de desnecessárias, também perigosas.  De fato, diversos estudos recentes demonstram que há muito mais riscos associados às transfusões do que aos procedimentos com tratamentos alternativos. Em outras palavras, as Testemunhas de Jeová, ao recusarem sangue em procedimentos cirúrgicos, em vez de uma desvantagem, possuem uma vantagem, situação que recebe cada vez mais reconhecimento da classe médica.

Uma das grandes vantagens dos tratamentos realizados com métodos alternativos às transfusões é a velocidade de recuperação dos pacientes, que quase sempre recebem alta mais cedo do que aqueles que utilizam sangue.

O Centro de Traumatologia e Ortopedia (CTO) do HRSC foi inaugurado no dia 26 de outubro de 2018. Em pouco mais de um ano de funcionamento, o serviço já realizou cerca de 1.200 cirurgias traumatológicas. Os pacientes atendidos no CTO são encaminhados pela Central de Regulação de Leitos do Estado.

Além de fornecer o serviço aos hospitais, o Hemoce disponibiliza um profissional capacitado para operar a máquina na unidade de saúde. Atualmente, cinco hospitais utilizam a máquina, entre eles o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart, Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital do Coração de Sobral (Filantrópico), Instituto Dr. José Frota (IJF) da rede municipal de Saúde e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) da rede Federal.

*Com informações e fotos do Governo do Estado do Ceará


Compartilha:

Veja Mais