Onda de demissões em Quixadá deve substituir modalidade de contratação para trabalhadores ganharem menos

Onda de demissões em Quixadá deve substituir modalidade de contratação para trabalhadores ganharem menos

Os quixadaenses que trabalham há mais tempo com vínculo empregatício normal, com plenos direitos e com a observação básica das garantias dadas pela CLT, devem se preparar para surpresas no início de 2020.

É que a nova modalidade de contratação criada pelo Governo Federal, com a chamada Carteira Verde e Amarela, que reduz obrigações trabalhistas e impostos a serem pagos pelos empregadores, está animando os empresários a substituir o mais rapidamente possível sua força de trabalho por mão de obra mais barata.

A nova modalidade começará a valer a partir de janeiro de 2020.

A expectativa de setores da economia local é que não aconteça, necessariamente, a substituição total dos empregados, mas a substituição da modalidade de contrato deles, com os trabalhadores passando a ganhar menos, caso se encaixem nas condições estabelecidas pelo governo. Os empresários tenderão a segurar os trabalhadores com mais experiência, mas os obrigando a migrar para a nova modalidade de contratação.

Esse é um fenômeno que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) avalia que vai acontecer em todo o Brasil, especialmente em cidades do interior com menos fiscalização e menos oferta de postos de trabalho.

Obviamente também pode haver significativa rotatividade da própria mão de obra, com vistas ao aumento da margem de lucro dos empresários.

O Dieese avalia que a medida do governo “tem potencial para aumentar o desemprego e a precarização”.

Para o Dieese, o pacote para geração de vagas é decepcionante. “Não deve criar vagas na quantidade e qualidade necessárias e, ao contrário, pode promover a rotatividade, com o custo adicional de reduzir direitos e ter efeitos negativos para a saúde e segurança dos trabalhadores e trabalhadoras”, alerta.

Instituídas por MP, as mudanças são, na prática, uma nova reforma trabalhista. Entre as alterações, está prevista a modalidade de contrato de trabalho precário; o aumento da jornada de trabalho, o que pode resultar em mais desemprego; o enfraquecimento de mecanismos de fiscalização e punição às infrações; a fragilização de ações de saúde e segurança; e a redução da ação sindical.

“Beneficia os empresários com uma grande desoneração em um cenário de crise fiscal, impondo aos trabalhadores desempregados o custo dessa ‘bolsa-patrão’”, critica o Dieese.

A análise da entidade indica que o novo contrato desconstrói o direito à gratificação de férias, ao décimo terceiro salário e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), incorporando-os ao pagamento mensal.


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