O município de Quixadá, no Sertão Central, tem mais de 80 mil habitantes, conforme dados do último censo do IBGE, mas possui apenas três respiradores artificiais de UTI, equipamento utilizado quando o pulmão de um paciente está muito comprometido e ele não consegue respirar por conta própria.
Em condições normais, os respiradores localizados na Unidade de Pronto Atendimento (2) e no Hospital Maternidade Jesus, Maria e José (1), atendem bem à demanda.
Mas é importante lembrar que o mundo enfrenta uma pandemia respiratória, e nela esse equipamento é primordial para salvar vidas.
Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou que o percentual de pessoas com diagnóstico confirmado de covid-19 em estado grave foi de 11,7% desde o dia 17 de março, quando teve início o monitoramento feito pela pasta. Trata-se de um patamar que está dentro da média do que tem sido observado ao redor do mundo (entre 10% e 15%), embora a curva epidêmica da doença no Brasil ainda esteja em fase inicial.
A conta para Quixadá é simples. Imagine um cenário em que 0,5% da população do município (o que é um número muito alto) teste positivo para a Covid-19. Considerando o número fechado de 80 mil, serão 400 pessoas doentes. Mantido aqui o percentual observado pelo Ministério da Saúde, 46 destes doentes vão ter evolução para um quadro grave da doença e vão precisar de internação hospitalar em leitos de UTI. Assim, 43 pacientes vão ter que ser tratados em outro lugar ou, possivelmente, morrer aqui mesmo.
Num cenário exageradamente devastador em que 5% da população local teste positivo para a covid-19, seriam 4.000 pessoas doentes. Com 11,7% destes desenvolvendo quadros graves, seriam 468 pessoas precisando de respiradores mecânicos. E o município só tem 3 no momento. É a visão de uma tragédia de grandes proporções!
O prefeito Ilário Marques, adiantando-se a um cenário com múltiplos casos de infecção confirmadas, isolou uma Unidade de Atendimento nova para uso exclusivo de casos suspeitos de coronavírus. Ele aguarda resposta do Governo do Estado para instalar neste espaço de 8 a 12 UTI’s, o que poderia ser suficiente para lidar com a doença num cenário mais brando. Vale ressaltar que as internações aqui seriam somente temporárias, pois o Hospital de Referência para onde casos graves devem ir é o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC).
Também analisamos a quantidade de leitos de UTI que o HRSC está preparando. Confira AQUI.
Independente do cenário, a maneira mais óbvia e eficaz de evitar a falta de respiradores mecânicos é reduzir o número de pessoas que pegam a doença. Isso significa seguir todos os conselhos de saúde, incluindo regras de distanciamento social e higiene. Portanto, #FicaEmCasa!
