Com cortes do governo Bolsonaro, IFCE só se mantém até agosto, revela reitor

Campus do IFCE em Quixadá

O reitor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Virgílio Araripe, disse ontem que, por conta dos cortes anunciados pelo Governo Federal no ensino superior, o funcionamento da instituição pode ficar comprometido a partir de agosto.

“Com o valor do nosso orçamento comprometido, só conseguimos manter e chegar com a instituição até o final de agosto”, disse.

Virgílio participou de evento na Assembleia Legislatica (AL-CE) que debateu o contingenciamento no setor. Em discurso ao lado de reitores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Virgílio lamentou ainda o impacto dos cortes no IFCE.

IMPACTO EM QUIXADÁ

Campus do IFCE em Quixadá. (Foto: divulgação)

O fechamento do IFCE atinge em cheio a  cultura universitária no principal município do Sertão Central, Quixadá, que possui campus da instituição. Centenas de alunos já se formaram ali e outras centenas tentam alcançar o sonho de ter uma profissão digna.

Centenas de alunos já se formaram no campus de Quixadá e outras centenas tentam alcançar o sonho de ter uma profissão digna.

De acordo com o site do IF, o campus Quixadá oferece cursos nas áreas de engenharia ambiental e sanitária, engenharia de produção civil, engenharia civil, e licenciatura em química e geografia, além das atividades de pesquisa e extensão que promovem conhecimento e geram transferência de tecnologia para a sociedade.

campus de Quixadá está localizado em um dos pontos turísticos mais visitados do município: a região do Açude Cedro. Ele surgiu na segunda fase do plano de expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica  e Tecnológica promovida pelo governo federal em 2007, durante o governo do ex-presidente Lula, e iniciou as atividades no dia 10 de junho de 2008, mediante portaria nº 688, do Ministério da Educação (MEC), com data de 09 de junho de 2008.

Alunos do IFCE Quixadá. (Foto: divulgação)
Alunos do IFCE Quixadá chegam ao campus.

Observadores acreditam que os estudantes do IF criam, além do vínculo de formação, também vínculos emocionais com a instituição, motivo pelo qual os cortes de Bolsonaro que ameaçam fechar os IF’s carregam potencial para mobilizar protestos de rua e outras ações contra as decisões do governo.

IF’s NO BRASIL

Mais de 50% dos municípios brasileiros são direta ou indiretamente atendidos pelos 647 campi, além dos nove polos de inovação, implantados em 568 cidades que, aliados às vocações locais, possibilitam conquistas tecnológicas a partir do acesso às diversas modalidades da educação profissional – do ensino técnico de nível médio à pós-graduação, incluindo a formação de professores. Em muitos casos, essas instituições representam a única oportunidade de qualificação profissional da comunidade.

A Plataforma Nilo Peçanha (PNP), ambiente virtual que reúne estatísticas oficiais da Rede Federal, registra cerca de um milhão de matrículas e uma relação de 23,7 alunos por professor, ultrapassando a meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE). Ainda de acordo com a PNP, em 2018, foram 182.671 concluintes, sendo o custo anual por estudante de R$ 15.725,66, investimento que retorna à sociedade na forma de profissionais qualificados e avanços científicos.

Estão em andamento mais de 11 mil projetos de pesquisa e 6 mil de extensão tecnológica. Para além disso, olimpíadas e premiações nacionais e internacionais, bem como indicadores de qualidade, realçam a eficiência dos serviços prestados. É o caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no qual os estudantes da Rede Federal superam o rendimento dos demais sistemas educacionais em todas as edições.

A principal avaliação da educação básica do mundo – o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2015 –, aponta que, se fosse um país, a Rede Federal estaria entre os primeiros colocados nas áreas analisadas. Em Leitura, ficaria na segunda posição entre os 71 países e territórios participantes, atrás apenas de Singapura. Já em Ciências, a pontuação seria suficiente para conquistar o 11º lugar, à frente da Coreia do Sul, Estados Unidos e Alemanha. Em Matemática, a nota ultrapassou a média geral do Brasil.

O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) tenta reverter a situação junto ao governo federal e já ameaçou judicializar a questão, caso Bolsonaro não volte atrás na decisão que pode fechar todos os institutos federais do país.


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