Empresários ouvidos pela Polícia Federal confessaram ter recebido dinheiro irregularmente por meio de contratos fictícios durante a campanha do atual presidente do Senado, Eunício Oliveira, ao governo do Ceará.
Os depoimentos foram prestados na investigação a que o senador Eunício Oliveira, do MDB, responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Supremo. O inquérito foi aberto a partir da delação de Nelson Melo, ex-diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas, hoje, Hypera Pharma.
O site da revista “Veja” traz vídeo do depoimento de uma empresária que confessa ter recebido dinheiro destinado à campanha Eunício.
Maurenízia Alves, sócia do Instituto Campus, admitiu contratos feitos com pelos menos quatro empresas, e que o objetivo era receber por serviços na campanha de Eunício a governador do Ceará, em 2014.
“Essa seria a forma viável de que Paulo Alves recebesse naquele momento pelo trabalho que ele vinha executando para a campanha de Eunício Oliveira”, disse Maurenízia.
Paulo Alves é marido da empresária, e ele trabalhou na campanha. A TV Globo teve acesso aos depoimentos de Maurenízia, de Paulo Alves e também de Ricardo Lopes Augusto, sobrinho do senador.
Maurenízia disse que a empresa dela, Instituto Campus, foi contratada pelas empresas Hypermarcas, M. Dias Branco, Corpus Segurança e JBS e que não houve nenhuma prestação de serviço. Apesar disso, ela diz que houve recebimento de dinheiro e emissão de notas, mas os contratos não foram formalizados.
A M. Dias Branco, que fez pagamentos a empresa de Maurenízia, foi um dos alvos da busca e apreensão da Operação Tira-Teima, na terça (10).
Executivos da JBS e da Hypermarcas já tinham confirmado essas informações na delação e apresentado os contratos fictícios.
O marido de Maurenízia também foi ouvido. Disse que a coordenação da campanha esclareceu que essa era a única forma de resolver os problemas dos atrasos.
Afirmou que, “no contexto da campanha de Eunício, houve, ainda, outros contratos fictícios”, e que foi ideia de um assessor de EunÍcio emitir uma nota de R$ 2 milhões da JBS para simular um serviço que não foi prestado.
O sobrinho de Eunício, Ricardo Lopes Augusto, também foi ouvido. Ele admitiu a Confederal, uma empresa que já pertenceu a ele, fez um contrato com a Hypermarcas, que foi pago, mas que ele recebeu sem nunca ter prestado o serviço. A empresa do sobrinho de Eunício fez muitas doações a campanha dele em 2014.
O QUE DIZEM OS CITADOS
A assessoria do senador Eunício Oliveira, do MDB, disse que as contas da campanha dele em 2014 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral e que todas as empresas citadas fizeram doações dentro da legislação vigente na época.
A empresa M. Dias Branco declarou que não realizou qualquer pagamento ao Instituto Campus ou ao Campus Centro de Estudos e Pesquisas.
A Hypera Pharma declarou que está colaborando com as investigações, que uma auditoria interna concluiu que o ex-diretor da empresa Nelson de Melo, autorizou, por iniciativa própria, despesas sem comprovação e que a empresa não se beneficiou desses atos.
A J&F disse que os delatores ligados ao grupo já relataram aos investigadores tudo que era de conhecimento deles, e seguem à disposição da Justiça para colaborar.
A Corpus Segurança não quis se pronunciar. (do Jornal Nacional)