Números apresentados pela prefeitura para defender Lei Seca divergem da Secretaria de Saúde do Ceará

Números apresentados pela prefeitura para defender Lei Seca divergem da Secretaria de Saúde do Ceará.A prefeitura de Quixadá utilizou, nesta quarta-feira, 17, números comparados entre 15 e 28 de fevereiro e 1º a 11 de março para tentar mostrar que a proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas funcionou como fator de redução no número de confirmações de novos casos de Covid-19.

A prefeitura acrescentou que os dados foram coletados no início da semana e, por causa de atualizações do IntegraSUS, banco de dados da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) de onde os números foram retirados, eles poderiam estar diferentes na data da publicação. Os dados do IntegraSUS, no entanto, só se alteram em relação às últimas 24 horas. O DQ foi conferir os números apresentados pela prefeitura e pela Sesa e a diferença é enorme.

Segundo a prefeitura, entre 15 e 28 de fevereiro foram registradas 496 notificações. Segundo a Sesa, o número real é de 499, uma diferença bem pequena. A prefeitura alega que entre 1º e 11 de março as notificações caíram 51,4%, e foram para 241. A Sesa, porém, afirma que esta redução não existe, tendo as notificações caído para 483, apenas 13 a menos que o período anterior, e não mais da metade, como anunciado pela prefeitura.

Diz a prefeitura que os casos confirmados entre 15 e 28 de fevereiro foram 142. Segundo a Sesa, foram 148. A prefeitura alega que entre 1º e 11 de março os casos novos caíram para 42, ou seja, 70,4% menor. A Sesa, porém, diz que não foram apenas 42 confirmações no período, e sim 119, apenas 23 a menos, não representando a diminuição drástica de 70,4% anunciada pela prefeitura.

Ainda segundo a prefeitura, os casos investigados caíram de 56 para 22. A Sesa diz que caíram de 75 para 73.

O cenário de piora na situação epidemiológica do município se traduz, principalmente, no número de internações. Saiu de apenas 7 em 15 de fevereiro para o 15 em 11 de março, mostrando que o vírus aumentou sua incidência. Não faz sentido haver redução de novos casos e, ao mesmo tempo, aumento de 100% no número de internados.

Segundo a Sesa, nesse período Quixadá saiu do nível 3 de risco de transmissão, considerado alto, para o nível 4, considerado altíssimo, o que também reflete agravamento, não melhora no quadro epidemiológico.

O DQ aborda esses dados, não para fazer oposição à medida da prefeitura sobre proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas. Continuamos apoiando a medida, acreditando que ela tem potencial para reduzir o número de aglomerações. O que falta, na verdade, é fiscalização apropriada para fazer que a medida correta adotada pelo prefeito seja cumprida.


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