O Choro de Esperança – Uma História de Vida na Sala Vermelha

A história a seguir, escrita pelo Técnico de Enfermagem Wandevan Alves, é inteiramente inspirada em acontecimentos reais, vividos ou não diretamente pelo autor. Em sua profissão, ele atuou em diferentes equipamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) no Sertão Central, e tem registrado acontecimentos marcantes da vida de vários pacientes em uma série de crônicas. A ideia é, no futuro, reunir a coletânea em um livro. Algumas destas crônicas serão, a partir de hoje, compartilhadas com exclusividade aqui no DQ. Elas mostram que cada paciente é um mundo inteiro, carregando histórias que emocionam, inspiram e ensinam. Como a do pequeno Lucas, de apenas 11 meses, que você pode ler a seguir. Essa crônica, em especial, é uma homenagem não só ao menino Lucas e à sua família, mas a todos os profissionais da saúde que, com sua dedicação e comprometimento, se tornam verdadeiros heróis no cuidado com a vida humana.

O Choro de Esperança – Uma História de Vida na Sala Vermelha

Lucas, um pequeno anjo de apenas 11 meses, foi protagonista de uma história que ficará marcada nos corações daqueles que vivenciaram esse momento de aflição e alívio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Renan e Michele, os pais dedicados e zelosos, se depararam com o pesadelo de qualquer família: seu filho se engasgou e precisou de cuidados urgentes.

Era uma tarde como outra qualquer, o sol ainda brilhava timidamente no horizonte, mas a vida daquela família foi abalada por um acontecimento imprevisto. Lucas, com sua curiosidade típica da idade, colocou um objeto pequeno na boca e, num instante, seus olhinhos inocentes se encheram de medo ao perceber que não conseguia respirar. A cianose nas extremidades, aquela coloração azulada que indicava a falta de oxigenação, trouxe o terror ao rosto de Renan e Michele, que mal conseguiram conter o choro enquanto corriam para a UPA em busca de ajuda.

A equipe de plantão da UPA agiu com uma precisão admirável. Ao identificar a gravidade do caso, Lucas foi encaminhado imediatamente para a Sala Vermelha, onde os atendimentos de emergência acontecem. Gustavo, um técnico de enfermagem experiente, recebeu o pequeno paciente nos braços com cuidado e compreensão, mas também sentindo o peso da responsabilidade que carregava.

Os minutos se arrastavam como horas para os pais, que permaneciam no corredor à espera de notícias, com o coração apertado e as mãos trêmulas. O desespero transformava o tempo em um vilão implacável. Renan e Michele se sentiam impotentes, desejando poder fazer algo para aliviar o sofrimento do seu precioso Lucas.

Enquanto isso, na Sala Vermelha, Gustavo estava concentrado e determinado a agir rapidamente para salvar a vida daquela criança. Seus olhos demonstravam preocupação, mas também mostravam a coragem que vinha de sua experiência e preparo profissional. Ele sabia o que fazer e, com mãos firmes, iniciou as manobras de desengasgo.

O momento era crítico, cada segundo era precioso. E então, em meio a uma agonia quase insuportável, um milagre aconteceu: o choro de Lucas ecoou pela sala. Foi como música para os ouvidos de todos que estavam ali, pois aquele som simples, mas poderoso, indicava que ele estava respirando novamente. A cianose estava se dissipando, e a esperança voltava a brilhar nos olhos dos pais, que esperavam ansiosamente por qualquer notícia positiva.

Quando Gustavo saiu da Sala Vermelha trazendo o Lucas nos braços, a emoção tomou conta de todos. Os pais choraram de alívio e gratidão, abraçando seu filho como se estivessem o reencontrando pela primeira vez. Naquele momento, a equipe de plantão não eram apenas profissionais da saúde; eram anjos enviados para proteger e salvar a vida de um pequeno ser que tinha muito a viver.

Renan e Michele expressaram seus agradecimentos sinceros à equipe, com palavras embargadas pela emoção. Eles abraçaram Gustavo, os médicos, enfermeiros e demais profissionais presentes naquela jornada, sentindo uma profunda gratidão por cada um deles.

A classificação de risco havia trazido Lucas à Sala Vermelha, mas a dedicação, o cuidado e a agilidade da equipe fizeram toda a diferença. Aquela experiência jamais seria esquecida por Renan, Michele e todos os envolvidos. Lucas, mesmo tão novo, já havia ensinado uma grande lição a todos: a importância do amor, da compaixão e da prontidão para enfrentar os momentos mais desafiadores da vida.

Essa crônica é uma homenagem não só a Lucas e sua família, mas a todos os profissionais da saúde que, com sua dedicação e comprometimento, se tornam verdadeiros heróis no cuidado com a vida humana. Pois, em meio às classificações de risco, o que realmente importa é o valor inestimável de cada vida que passa pelas portas de uma unidade de atendimento.

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Sobre o autor: Wandevan Alves é um profissional com múltiplas habilidades e conhecimentos. É Técnico em Enfermagem, com atuação em vários equipamentos de saúde importantes no Sistema Único de Saúde (SUS) no Sertão Central. Formado em Marketing Digital, distribui conteúdos em seus perfis nas redes sociais. Também é interprete e professor de Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de realizar trabalhos voluntários de natureza educativa. Eventualmente, escreverá para o DQ.

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