O médico Ricardo Silveira finalmente resolveu falar sobre a nota assinada pelo Bispo de Quixadá, Dom Ângelo Pignoli, na qual o religioso explica que os leitos de UTI na maternidade, que Ricardo sugeriu usar durante crise do coronavírus, não existem. O Bispo também esclareceu que o prédio projetado para atendimentos cardiológicos foi construído com recursos doados à instituição filantrópica e com recursos próprios da Unicatólica, e não teve participação de Ricardo Silveira.
Ricardo Silveira briga na justiça para receber dinheiro da maternidade como indenização por obras que Dom Ângelo diz que ele nunca realizou. O médico tinha montado com seu irmão uma empresa com a qual ganharia dinheiro com os serviços de um Hospital do Coração em Quixadá. A maternidade afirma que a parceria nunca deu certo, que ela concluiu as obras do espaço físico do hospital e que Ricardo Silveira nem fez a sua parte no acordo e nem deixou, durante vários anos, que a maternidade colocasse o equipamento para funcionar.
Nesta terça-feira, 31, o médico fez uma live nas redes sociais e, sem citar Dom Ângelo, afirmou que mostraria a verdade. Apresentou um vídeo antigo de quando o prédio estava em boas condições. Mas não provou que os recursos usados para sua conclusão tinham saído do seu bolso. Naquele tempo, como hoje, Ricardo Silveira já fazia política usando a imagem do hospital do coração que nunca funcionou como carro chefe de suas campanhas.
No vídeo, o médico não mostrou nenhum recibo que comprovasse que ele havia usado dinheiro seu nas obras da maternidade. Disse, por outro lado, que fazer isso comprometeria “amigos”. Não explicou como isso comprometeria seus amigos. A Diocese já denunciou à justiça que os recibos usados por ele no processo foram “produzidos por meios escusos”, ou seja, que são documentos falsos quanto à sua finalidade.
No vídeo intitulado “Essa é a verdade que eles não contam”, Ricardo Silveira apresentou a palavra de um construtor local chamado Ismael, que assegura: “Essa obra foi eu que fiz. A gente fez a rampa de acesso. Todo o pagamento eu recebi do Dr. Ricardo, não recebi nada de Diocese.” Com a declaração do construtor, Ricardo Silveira quer mostrar que o Bispo Dom Ângelo mentiu em sua nota à sociedade quixadaense.
Além de não apresentar os recibos, Ricardo Silveira também não explicou que queria lucrar 65% de tudo o que fosse realizado na unidade cardiológica. A maternidade o acusa na justiça de querer enriquecer ilicitamente com lucro exorbitante em cima de serviços de saúde, mesmo contra uma instituição filantrópica que vive de doações e dos serviços essenciais que presta ao SUS. Por algum motivo desconhecido, a palavra do construtor Ismael não foi usada no processo judicial que o médico trava contra a maternidade.
Ricardo Silveira também disse que nunca quis ser diretor da maternidade e que seu nome aparece em um documento do gabinete do ex-deputado Danilo Forte como diretor porque ele havia solicitado recursos para a instituição. Já a maternidade afirma na justiça que o médico nunca teve procuração para representá-la e que os recursos na ordem de R$ 500 mil que Danilo Forte direcionou ao médico como suposto diretor, nunca chegaram à instituição.
Na live desta terça, Ricardo Silveira usou até mesmo imagens de uma freira que, há vários anos, antes de todo o desentendimento entre ele e a maternidade, o havia elogiado pelo interesse em abrir um hospital do coração em Quixadá. Não explicou na live que tinha montado uma empresa com o próprio irmão para transformar o Hospital do Coração em uma espécie de máquina de fazer dinheiro.
Na conclusão de sua live, o médico e pré-candidato a prefeito pede, mas sem citar diretamente Dom Ângelo: “Deus nos livre das pessoas do mal!” Na lógica dos irmãos Silveira, quem diz a verdade é o pré-candidato da família. O Bispo da cidade é quem está mentindo. A decisão judicial sobre o assunto está nas mãos do Dr. Welithon Alves de Mesquita e deve sair em breve.
