Essa semana foi notícia uma fala da cantora Fafá de Belém a respeito da não permissão para que suas netas escutassem músicas do gênero funk.
Particularmente, embora gostando da batida e não desmerecendo esse gênero musical, dentre os diversos da cultura brasileira, sinto a necessidade de refletir sobre dois pontos que se entrelaçam quando falamos nas atuais letras de funk: a objetificação e a sexualização femininas, principalmente de crianças em suas etapas iniciais de formação.
As letras e coreografias das músicas de funk, em sua grande maioria, têm como tônica a relação sexual e colocam as mulheres em uma posição de objeto.
Essa objetificação contribui para a perpetuação de estereótipos de gênero, reforçando a ideia de que as mulheres são apenas corpos disponíveis para o prazer masculino. Essa representação desumanizante reforça a desigualdade de gênero.
A sexualização da menina na figura da “novinha” nas letras traz uma exposição prematura de crianças a estereótipos sexuais e comportamentos adultos, influenciando a visão social do corpo e sexualidade da menina, e reforçando estruturas pedófilas.
Meninas que são sexualizadas tendem a desenvolver uma visão distorcida de seus corpos, a iniciar precocemente a atividade sexual e, além disso, a aumentar a probabilidade de se envolverem em relacionamentos abusivos ou exploradores.
Ao retratar as mulheres como meros objetos sexuais, essas músicas perpetuam a ideia de que os homens têm o direito de dominar e controlar o corpo feminino, que é uma das bases que estruturam o abuso sexual de crianças e adolescentes do sexo feminino.
O funk está na mídia, nas redes sociais e tocando no radio. Nós vivemos em um país com liberdade cultural e de livre manifestação artística. Não é sobre CRIMINALIZAR ou CENSURAR estilo musical e artistas. Mas, o FUNK É MÚSICA de adulto. Nesse sentido, é principalmente dever dos pais, com o apoio da escola, observarem e protegerem as crianças de qualquer impacto que não seja adequado à idade delas.