Sobre o debate de 27 de outubro

Candidatos, mediador e comissão jurídica.

A Associação de Imprensa do Sertão Central, em parceria com a Rádio Cultura FM e apoio da Câmara Municipal de Quixadá, realizou o primeiro debate presencial entre os candidatos a prefeitura no pleito de 2020.

Segundo Wanderley Barbosa, um dos idealizadores do momento, todos os veículos de comunicação do município e região foram convidados; alguns, porém não compareceram ou mandaram representações. Foi o caso do Sistema Monólitos – que queria enviar um representante jurídico e não um repórter ou colunista, como acertado para o debate.

Através de seu site, justificou que o veículo foi “censurado” e não convidado, informação essa desmentida no plenário da Câmara pelo próprio Wanderley.

Outros sites como Sertão Redação, Sertão Alerta e representações do Sistema Maior se fizeram presentes. Assim como a imprensa, todos os postulantes ao cargo de prefeito foram convidados. Cezar Augusto (MDB), Cícero Freitas (Rede), Ilário Marques (PT) e Sergio Onofre (Cidadania) compareceram ao local no horário marcado para início do debate, às 9h. Ricardo Silveira (PSD) mais uma vez se ausentou.

O DEBATE

Cezar, Cícero, Ilário e Sergio, os candidatos que tiveram a decência e coragem de comparecer deram um show a parte. O ambiente de respeito, construção, diálogo, mas também de embates foi marcado pela educação dos presentes, suas sensibilidades sociais e propostas.

Nas quase duas horas e meia de debate, responderam perguntas da sociedade civil, dos veículos de imprensa e de seus concorrentes no ambiente. Dividido em 5 blocos, sendo o primeiro direcionado as perguntas externas, feitas por gravações, o segundo por dúvidas da imprensa, o terceiro e quarto com perguntas livres, sendo um para temas sorteados e outros, de interesse geral, cada um dos 4 pode se apresentar, compartilhar suas propostas e planos de governo, questionar sobre a gestão atual, pela presença do prefeito e candidato a reeleição, Ilário, e serem questionados sobre a viabilidade de suas propostas.

O Diário de Quixadá levou ao plenário, no debate, o tema da saúde, com relação a uma das propostas mais discutidas entre a população hoje: a construção de um novo hospital municipal. Pena que o principal interessado no assunto, aquele que o propõe, fugiu; a indagação recaiu sobre o atual gestor.

Indagando a respeito da viabilidade de construção e posterior manutenção sem comprometer as finanças do orçamento da Saúde no município, Ilário destacou os patamares de atenção do Sistema único de Saúde, no caso, a atenção primária, secundária e a terciária, de alta complexidade. O prefeito destacou que hospitais se encaixam na segunda ou terceira atenção, sendo que a de média complexidade é voltada para o município, enquanto a alta, é dever do estado e governo federal; pensando nisso, Quixadá já está coberto na atenção secundária – ou de média complexidade – pelo atual Hospital Municipal Dr. Eudásio Barroso e pelo Hospital Filantrópico e Maternidade Jesus, Maria e José, e que a atenção terciária é realizada pelo Hospital Regional do Sertão Central, que apesar de estar localizado em Quixeramobim, pertence a toda a região, devendo assim o município não construir um novo hospital que não tenha condições de manter, mas sim reforçar os já existentes.

O comentário ficou a cargo de Sergio Onofre, que alfinetou a questão das reformas do hospital e questionou o atendimento feito na maternidade, que segundo o candidato não cobre uma ampla gama da população; Sergio ainda falou que “[…] quem tá prometendo um hospital tá mentindo também”.

Nas considerações finais, cada um falou diretamente com a câmera, em alusão a fala com o eleitor. Destacaram suas origens, o papel que a educação teve em suas vidas e mostraram quem são. Uma bela oportunidade de fala, inclusive.

“DUAS PALAVRAS PARA RESUMIR O DEBATE”

No todo, foi um excelente momento. Críticas veladas e construtivas sempre se fazem presentes, a exemplo da questão do tempo de fala dos candidatos. Entendemos, claro, que tudo foi acertado antes, entre as representações e que ninguém (só a população) esperava que um dos postulantes, que tanto quer polarizar a eleição, fosse faltar, o que atrapalhou o esquema de perguntas e espaço de fala, mas sua ausência não arranhou a imagem do momento, mesmo que ele tenha colocado sua militância mais ativa para tentar questionar a credibilidade do debate, essa foi uma questão rebatida pelo demais presentes.

A comissão jurídica, que a cada intervalo fazia avaliações e propostas estava lá para atestar a seriedade do trabalho pensado pelo grande Wanderley.

Já no backstage, ao fim da transmissão, parabenizamos os candidatos presentes e pedimos que, em duas palavras, resumissem o debate.

Sergio disse que foi um momento de cidadania e coragem; Cezar respondeu que foi democrático e positivo; Ilário destacou o debate como proveitoso e revelador e Cícero foi incisivo ao falar em inclusão e sustentabilidade.

Nós, do Diário de Quixadá, destacamos deles a coragem, a democracia, a revelação e a inclusão: Coragem pela participação, democracia pelo que o momento significa, revelação pelas propostas e quem não as tem por não participar, e inclusão pelo tratamento e oportunidade iguais dados a todos.

Reforçamos os parabéns aos 4, a AISC, a Rádio Cultura FM e a mídia presente, e compartilhamos, desde já, o convite para os próximos debates, como o pioneiro televisivo da SertãoTV e, provavelmente, o tradicional da FECLESC.

AUSÊNCIA AMARELADA

Se fosse o famoso quadro do Fantástico (Rede Globo), Ricardo já teria pedido música no último debate virtual. E essa, inclusive, foi uma das dezenas de brincadeiras que internautas e militantes dos demais candidatos fizeram em alusão a mais uma falta do médico.

Ricardo argumentou, em nota, que o debate não seria imparcial e que ele iria sair prejudicado, já que seus representantes teriam pedido, antes do início do proposto, os temas que seriam sorteados/perguntados para que o candidato pudesse “estudar” as melhores respostas. Assim seria se fosse uma ‘conversa de compadres’, como vem ocorrendo nos últimos 4 anos na rádio dele e sua família, mas em um debate sério a conversa toma outro rumo.

A essa altura do campeonato, os candidatos, se tem tanto interesse e propostas para a cidade, já deveriam as ter na ponta da língua, e não em falas prontas – muitas vezes gaguejadas.

A nota do médico causou espanto entre assessores dos demais candidatos, a imprensa local e os munícipes. Parece que a história só colou entre a militância do bolsonarista, que passou o debate inteiro acompanhando pelas redes sociais os demais candidatos apresentarem suas dignas propostas enquanto proferiam, como robôs, frases prontas do tipo: “Esse debate foi comprado” e “Quixadá está dominado” (?); também tentavam atingir os candidatos, dizendo que estes eram apenas subservientes à Ilário.

Claro que a nova “fugidinha” do doutor rendeu diversos memes.


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