SÍMBOLO DA SECA: A estrada que corta o centenário açude Cedro, em Quixadá

As águas tranquilas que espelham a famosa Pedra da Galinha Choca, cartão postal do município de Quixadá, já não existem mais. A impiedosa estiagem que se prolonga há anos no Ceará judiou do açude centenário a ponto de extinguir suas últimas gotas. No lugar da água, a seca. Peixes morreram aos milhares. Mais de 400 cágados mortos foram encontradas. A seca chacinou a vida no açude; e o que antes era abrigo e refúgio animal, não passa agora de um extenso cemitério.

Talvez nada simbolize tanto a força da seca nesta região do Estado como a estrada que hoje corta o espaço no Cedro onde, antes, só havia água. Carros, motos e carroças estão fazendo um trajeto que, em épocas de bons invernos, costumava ser feito por canoas ou outros tipos de embarcações.

Os quixadaenses se mantém na expectativa de que as próximas precipitações devolvam o cenário com água ao Cedro, mas o açude tem dificuldades para recarga, especialmente porque o curso de água acima dele abastece primeiro vários reservatórios menores espalhados pelo interior do município. Apenas um inverno excepcionalmente bom poderia dar ao açude a recarga que ele precisa para voltar a ser o que era.

Mais do que uma simples marca no solo, a estrada que corta o Cedro é o retrato da impiedade de um fenômeno climático que aflige e muito a vida no sertão.

 

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