Quem estava no centro administrativo da prefeitura de Quixadá na manhã desta quinta-feira, 10, foi surpreendido por uma cena inusitada envolvendo o vice-prefeito, João Paulo de Menezes Furtado.
Em estado visível de fúria, o político adentrou a sala de recursos humanos à procura de um funcionário, conforme servidores que estavam no local. Acompanhado de segurança particular, ele esbravejou na sala, indagando sobre onde poderia localizar Tiago Queiroz, que trabalhou no local até o final do ano passado.
Os servidores do setor de recursos humanos pediram calma ao vice-prefeito e informaram que o funcionário havia sido transferido para a secretaria de educação e estava há meses trabalhando lá. João Paulo, então, se dirigiu à secretaria de educação e, novamente, demonstrando estar tomado pela raiva, esbravejou contra os servidores tentando encontrar o funcionário Tiago Queiroz.
“Eu fui informado de que ele havia saído do centro administrativo acompanhado de uma pessoa que aparentava estar armada. Então minha primeira reação foi procurar ajuda da polícia”, disse Tiago Queiroz. “Tá todo mundo com medo nesses locais que ele foi”, acrescentou.
O motivo da fúria
João Paulo teria ficado furioso por causa de um comentário feito por Tiago Queiroz no Instagram, nesta quarta-feira, 09. O vice-prefeito estava sendo entrevistado por um jovem e, como sugestão de pergunta, Tiago Queiroz propôs: “Depois pergunta aonde ele colocou o dinheiro que ele pediu de propina aos empresários que ele tinha ligação.”
A acusação de que João Paulo solicitava propinas a empresários com atuação em Quixadá parte do Ministério Público do Estado do Ceará. Durante a operação Fiel da Balança, em agosto de 2018, em vez de encontrar provas contra Ilário Marques, alvo principal da ação, os investigadores encontraram evidências, através de áudios e mensagens de texto, de que João Paulo solicitava propinas a um empresário. Os valores, as contas laranjas em que eram feitos os depósitos, e as datas de cada um deles foram obtidas pelos promotores. Como resultado, o MP-CE chegou a pedir o afastamento de João Paulo do cargo e até a sua prisão. O processo continua tramitando na justiça.
B.O registrado
Para se proteger da fúria do vice-prefeito, Tiago Queiroz buscou ajuda da polícia civil e registrou um Boletim de Ocorrência por ameaça, narrando os fatos de que tomou conhecimento. Disse que se sentia ameaçado pelo vice-prefeito e que desconfiava de que seu segurança estaria armado. O funcionário teme que o vice-prefeito, em vez de reagir às críticas usando os canais da justiça ou mesmo o diálogo político, apele para a violência.
João Paulo tem chamado atenção de ex-apoiadores políticos pelo comportamento esquisito apresentado nos últimos meses. Ele é costumeiramente visto gravando vídeos nos locais de obras do Estado e da prefeitura, contando histórias mirabolantes sobre ser apoiado por uma penca de deputados.