Prefeitura quer aumentar faixa etária de crianças atendidas na maternidade; modelo atual foi instalado por João Hudson

Hospital Maternidade Jesus Maria e José, em Quixadá.

A prefeitura de Quixadá vem planejando mudar uma normativa criada durante a gestão do ex-prefeito João Hudson referente ao atendimento de crianças no Hospital Maternidade Jesus, Maria e José (HMJMJ). Por ocasião da instalação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Quixadá, criou-se a orientação de que os atendimentos a crianças acima de três anos seriam realizado pela UPA, que dispõe do serviço. Este protocolo, portanto, não é de agora. Apenas não havia sido “denunciado” antes.

Em sua última gestão, o prefeito Ilário Marques deixou firmado convênio com o HMJMJ para o atendimento a crianças de até 12 anos. Isto mudou com o tempo e com as práticas adotadas pelas administrações seguintes. Além da chegada da UPA, que alterou drasticamente este cenário, o ex-prefeito João Hudson atrasava constantemente os repasses ao HMJMJ para manutenção de serviços diversos, o que também contribuiu para a criação do novo protocolo.

Hoje, diferente do que acontecia na última gestão do atual prefeito, apenas crianças com menos de 3 anos são atendidas no HMJMJ, sendo que as demais recebem cuidados na UPA.

O POSICIONAMENTO DA MATERNIDADE

O Diário de Quixadá conversou com a diretora do HMJMJ, Rosiley Saraiva, que negou que a maternidade recuse qualquer caso de internação. “Todas as internações são feitas na maternidade, mas os atendimentos primários, os atendimentos básicos, são feitos na UPA ou nas unidades básicas (postos de saúde)”, disse. Mas ela explica que todas as crianças de até três anos continuam sendo atendidas normalmente na maternidade.

Rosiley Saraiva ainda acrescenta que este modelo em vigor “é uma coisa antiga, foram feitas reuniões com o estado, com o município, com todo o mundo. Não foi uma coisa que a maternidade decidiu sozinha. Não é que a maternidade não queira atender. É uma questão de desenho de rede, uma questão de sistema, algo que depende de financiamento, de recursos financeiros”.

A diretora do HMJMJ também nega, como tem sido falsamente noticiado nas redes sociais, que até mesmo aqueles com graves doenças sejam obrigados a depender inteiramente da UPA. “Em casos de extrema urgência, nenhuma criança é devolvida e as internações continuam na maternidade. A UPA encaminha, o PSF encaminha e a maternidade recebe”, afirma a diretora. Rosiley também revela que a média de internações na maternidade em épocas de viroses é de 25 a 30 crianças.

Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Quixadá.

O POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

Conversamos também com a Secretária de Saúde, Juliana Câmara, sobre esta questão. Ela reconhece que o ideal seria modificar o sistema herdado da gestão anterior e, de fato, explica que há um diálogo da prefeitura iniciado com a maternidade para aumentar a faixa etária das crianças atendidas lá. Esta informação havia sido dada também pela diretora da maternidade, Rosiley Saraiva. Há expectativa de muitas mães para que este diálogo avance.

Juliana Câmara explica que o protocolo da UPA, que segue uma política geral que independe da prática municipal, não exige que os atendimentos às crianças sejam feitos diretamente por pediatras. “Tem um clínico geral lá que atende as crianças. Pela política geral da UPA, o pediatra só é obrigatório para internações. A gente é sensível a essa questão, porque sabemos que a UPA não é o ambiente ideal para uma criança ser atendida. Lá pode chegar pessoas vítimas de facadas, de tiro, pode haver desentendimento entre usuários e não é o ambiente ideal para crianças pequenas”, conta. “Estamos em processo de diálogo com a maternidade para ver se conseguimos aumentar essa faixa etária”, acrescenta.

O PREFEITO 

O prefeito Ilário Marques lamentou que “questões importantes como o cuidado das nossas crianças sejam utilizadas na promoção de politicagem”. “É uma leviandade e uma baixaria dar a entender que fomos nós que criamos este modelo. Quanta mentira! Quanta desonestidade com o próprio público! Na verdade, em minha última gestão, crianças de até 12 anos eram atendidas na maternidade. Mas a nossa resposta será dada com trabalho responsável. Atuaremos para desfazer o desmonte de boas políticas públicas, desmonte que foi instalado em Quixadá nos últimos anos com o apoio e com o silêncio de boa parte daqueles que hoje se dedicam a criticar o governo municipal”, disse.


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