Eleri Matuto, conhecido magarefe de Quixadá, foi a uma emissora de rádio, na manhã desta quinta-feira, 18, para comentar a Operação Carne Podre, da Polícia Civil, que investiga o abate de animais e a comercialização de carnes no município.
Surpreendentemente, Eleri confessou que, de fato, estava praticando crime ambiental; entregou colegas do ramo e acusou a prefeitura de ser co-autora do crime. Sobrou até para a justiça que, segundo disse Eleri, passou mais de um ano fechando os olhos para o que acontecia.
De acordo com Eleri Matuto, no final de 2016 a prefeitura recebeu R$ 5 milhões dos recursos da repatriação. “Não podia tirar R$ 70 mil para reformar o matadouro?”, perguntou. Na época, o prefeito em exercício era Wellington Xavier, o Cí, que havia substituído João da Sapataria, afastado por determinação judicial.
Curiosamente, durante a gestão de João da Sapataria, quando o próprio Eleri Matuto era o secretário responsável pelo matadouro, o equipamento sofreu seguidas interdições por parte da justiça, exatamente porque nem ele e nem o ex-prefeito foram capazes de resolver o problema. Hoje, porém, Eleri cobra ações rápidas da gestão pública.
De fato, o matadouro municipal está interditado desde agosto de 2016, quando a justiça considerou seu funcionamento uma ameaça à segurança da saúde pública em Quixadá. Não é de surpreender que muitos apontem para o próprio Eleri Matuto como um dos principais responsáveis por deixar o matadouro chegar às condições miseráveis às quais chegou.
“A saúde pública de Quixadá só foi prioridade para alguns prefeitos. Para esses dois últimos não é prioridade”, disse Eleri. Ele se referia ao atual prefeito, Ilário Marques, e ao ex-prefeito interino, Wellington Ci. A declaração, no entanto, não parece fazer nenhum sentido, pois o matadouro foi interditado por causa do descaso e do abandono da saúde pública na época do ex-prefeito João, quando o próprio Eleri atuava como o secretário responsável.
Na verdade, foi a atual administração que licitou e está executando a reforma do matadouro público, fechado pela justiça por causa do descaso praticado, inclusive, por Eleri Matuto.
Eleri também afirmou que a prefeitura seria co-autora do crime, porque não apenas sabia o que estava acontecendo, mas também fornecia a energia para o lugar utilizado como “moita”. Higo Carlos, atual responsável pelo matadouro, nega a informação e diz que o próprio Eleri havia feito um “gato”, uma ligação clandestina de energia elétrica, a partir do prédio em reforma do matadouro. Higo diz, ademais, que assim que descobriu o “gato” ordenou seu desmonte.
Na entrevista concedida por Eleri Matuto, sobrou até para a Justiça, que ele acusou de fazer vistas grossas ao abate na moita por mais de um ano. “Que a Justiça também possa cumprir a parte dela, porque a gente também entende o lado da Justiça. A Justiça não pode fechar os olhos por 18 meses, que nem já fechou com uma coisa tão grave que vinha acontecendo no município de Quixadá”, afirmou o magarefe, chamando de “coisa tão grave” o que ele mesmo havia acabado de confessar que fazia.
Higo afirmou ao Diário de Quixadá que a reforma do equipamento, executada com recursos próprios do município, está em fase final e deve ser entregue em breve. Até lá, o abate será feito no matadouro de Morada Nova.