Ilário Marques acata recomendação do Ministério Público e cancela realização do carnaval popular de Quixadá

O prefeito de Quixadá, Ilário Marques, atendeu recomendação do promotor de justiça, Dr. Marcelo Cochrane, e está anulando na íntegra a licitação que visava contratação de empresa destinada a organizar e realizar o carnaval popular do município neste ano de 2017. A prefeitura pretendia gastar até R$ 168 mil com a festa.

A recomendação ministerial foi assinada na última quinta-feira, 16, e estava sob análise do poder executivo quixadaense. Nela, o Ministério Público faz referência aos decretos de calamidade financeira e estado de emergência em vigor no município, a anulação do concurso público realizado em 2016, aos salários de servidores em atraso, à dívida de R$ 40 milhões da prefeitura, bem como ao bloqueio judicial de contas do executivo.

De acordo com a prefeitura, tudo já havia sido planejado de modo a realizar a festa popular e gerar dividendos ao município, especialmente para os pequenos comerciantes e barraqueiros, sem causar prejuízos às demeais áreas da administração pública. O poder executivo responsabiliza em especial os opositores políticos do prefeito Ilário Marques por terem criado o que ele chama de “um clima fantasioso” sobre os gastos com o carnaval, o que teria movido o MP a recomendar seu cancelamento.

Nesta sexta-feira, 17, os secretários de turismo do município, Pedro Baquit, e de cultura, Audênio Morais, defenderam no parlamento a realização da festa. Eles afirmaram, por exemplo, que o carnaval tinha potencial para gerar retorno financeiro certo. “No mínimo 60 barraqueiros farão investimentos no carnaval de Quixadá. Cada um deles vende até R$ 1 mil por dia de feriado. Isto significa que, só os barraqueiros, vão fazer girar a quantia média de R$ 240 mil durante o carnaval. Dinheiro que fica no município”, explicou Pedro Baquit.

Marli Araújo, tesoureira da Coeventos, associação de pequenos comerciantes, também defendeu a realização da festa em Quixadá.

Marli Araújo, tesoureira da Coeventos, associação de pequenos comerciantes, também defendeu a realização da festa em Quixadá. “Nós vivemos dos eventos que tem na cidade. Nos últimos anos nós sofremos muito. Estávamos aguardando como nunca o carnaval de 2017. É com ele que nós vamos colocar nossas contas em dia. Por isso agradecemos aos vereadores que apoiam a realização do carnaval. Aqui são 60 famílias que estão contando com a festa para conseguir seus meios de vida. Eu tive que trancar a faculdade da minha filha, que eu pago com muito esforço, por causa da falta de recursos. Esse carnaval nos ajudará muito a superar essas dificuldades”, defendeu.

O desejo da humilde comerciante, no entanto, não será atendido. Com o carnaval cancelado, ela e mais 59 outras famílias – para se mencionar apenas os membros diretos da associação de barraqueiros -, terão que procurar outros municípios se quiserem lucros com o feriado.

Restaurantes e hotéis, que também haviam preparado pacotes e serviços diferenciados para o período, serão prejudicados. Postos de trabalho deixarão de ser abertos e a cidade, tipicamente movimentada no feriado de carnaval, deverá apresentar cenário economicamente negativo.

Em vez da injeção na economia local, é provável que os R$ 168 mil sejam agora utilizados em alguma medida paliativa que, de fato, não resolverá os problemas estruturais que exigem tempo para serem sanados. A pressão para que o carnaval de Quixadá fosse cancelado só terá, no final, um resultado certo: prejuízo para o município.

Leia a íntegra da recomendação do Ministério Público:

Leia resposta da prefeitura ao Ministério Público:

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