Fato Histórico: Pela primeira vez em mais de 100 anos, Açude Cedro está interditado para visitações

Pela primeira vez em mais de 100 anos, Açude Cedro está interditado para visitações. (Foto: Jândreson Gomes)

O surto de coronavírus tem produzido acontecimentos que ficarão marcados na história pelo seu caráter de excepcionalidade. É assim, por exemplo, quando se observa a situação do centenário Açude Cedro, em Quixadá, no Sertão Central do Ceará.

Uma das primeiras grandes obras de combate à seca realizadas pelo Governo Brasileiro, o reservatório teve a ordem de construção dada por D. Pedro II. Era uma resposta ao grande impacto social provocado pela seca iniciada em 1877. O local da construção foi escolhido em 1880 pelo engenheiro britânico Jules Revy.

Às vésperas do início das obras, ocorreu a proclamação da república e o Dr. Revy se retirou do projeto. Após modificações no projeto original, realizadas em 1889 pelo engenheiro Ulrico Mursa, da Comissão de Açudes e Irrigação (atualmente DNOCS), as obras foram finalmente iniciadas em 15 de novembro de 1890. Sua conclusão, após várias interrupções, foi em 1906, já sob coordenação do engenheiro Bernardo Piquet Carneiro, que assumiu a direção da construção em 1900.

O período entre o primeiro projeto e a inauguração foi de 25 anos e suas obras contaram, em grande parte, com o emprego de mão de obra dos flagelados da seca. Não houve participação de escravos. Devido à sua importância histórica e sua beleza natural, o açude foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1977.

Cartão postal de Quixadá, circundando a famosa Pedra da Galinha Choca, o açude está, pela primeira vez em sua história de mais de um século, interditado para visitações. Na semana passada, um decreto municipal assinado pelo prefeito Ilário Marques, determinou especificamente a proibição de acesso ao local, mantido sob guarda. A intenção é evitar aglomerações por causa da propagação do coronavírus. Sem dúvida, um acontecimento que vai ser estudado nos livros de história nos anos à frente.


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