Nova delação confirma que Eunício Oliveira, o “Índio” da Odebrecht, recebeu R$ 5 milhões em esquema de contratos fictícios

Eunício Oliveira, no Centro da foto, durante visita a Quixadá em setembro de 2016.

O Senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), atual presidente do Senado Federal, seguindo a estratégia utilizada pelos outros políticos que aparecem nas delações da Operação Lava Jato, nega tudo. Mas a cada dia que passa sua situação só piora.

Depois de ser acusado por Nelson Mello, ex-diretor do grupo Hypermarcas, de ter recebido irregularmente R$ 5 milhões para sua campanha ao governo do Ceará em 2014, Eunício agora foi alvo de mais uma delação. Desta vez, o empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, reforçou as denúncias já feitas contra o senador peemedebista e confirmou aos investigadores da Lava Jato que Eunício, de fato, havia recebido o dinheiro.

O esquema entregue pelo delator funcionava assim: a Confederal, empresa de Eunício firmava contratos fictícios com as empresas que queriam fazer repasses irregulares para sua campanha e recebia o dinheiro através destes contratos. A defesa de Eunício nega tudo.

OPERAÇÃO SATÉLITES

Entre os alvos da Operação Satélites, deflagrada terça-feira, 21, pela Polícia Federal, está o empresário Ricardo Lopes Augusto, sobrinho de Eunício, e administrador da Confederal, empresa que pertence ao congressista e na qual houve busca e apreensão de possíveis provas. Lopes havia sido citado na delação do executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho como operador de propinas a Eunício.

O delator disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) ter pago suborno a Eunício, em duas parcelas de R$ 1 milhão cada, entre outubro de 2013 e janeiro de 2014. O valor seria contrapartida à aprovação da medida provisória 613, que tratava de incentivos tributários. Segundo o colaborador, o peemedebista enviou Lopes como “preposto”. Ao emissário, teria sido entregue uma senha e a indicação dos locais para o recebimento do dinheiro, em Brasília e São Paulo.

O sistema Drousys, que registra a contabilidade das propinas da empreiteira, apontou os dois supostos repasses de R$ 1 milhão ao senador, identificado pelo codinome “Índio”, naquele período: um em 24 de outubro de 2013 e outro em 27 de janeiro de 2014. A MP foi aprovada no plenário do Senado em 29 de agosto daquele ano. Melo Filho sustenta em sua delação que Eunício obstruiu a votação, antes disso, para pressionar a Odebrecht por propina.


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