Decisão do governo de centralizar auxílio de R$ 600 na Caixa criou fila e atraso, dizem analistas

Pessoas se aglomeram em frente a uma agência da Caixa enquanto esperam para sacar o auxílio emergencial de R$ 600.

Desde o início do programa de auxílio emergencial de R$ 600, no mês passado, muitos beneficiários têm relatado problemas para conseguir se cadastrar ou movimentar os valores.

Na semana passada, com o início do calendário de saque em dinheiro direto da poupança digital, filas e aglomerações em agências da Caixa Econômica Federal foram registradas em diversas partes do país. O governo federal liberou o benefício sem pensar numa estratégia de entrega aos beneficiários. Isto resultou em aglomerações que podem ter, em vez de ajudado, colocado milhões de pessoas em contato com o vírus.

Para quem não recebe Bolsa Família ou não está no Cadastro Único, o auxílio só pode ser pedido por meio do aplicativo Caixa Auxílio Emergencial, ou site. No caso de quem optou receber por meio da poupança digital, a movimentação dos valores também depende do uso de um aplicativo, o Caixa Tem.

Especialistas dizem que, em meio à pandemia de coronavírus, o uso de meios digitais para o cadastro e pagamento do auxílio faz sentido, mas acreditam que algumas medidas poderiam ter sido tomadas para facilitar o acesso da população aos valores e evitar aglomerações. Entre elas, o uso de outras instituições financeiras, além da Caixa.

“Há as dificuldades tecnológicas de ter só uma instituição para lidar com isso. No fundo é como se a Caixa tivesse que lidar com todas as inscrições de milhões de pessoas. Então isso de fato estrangula o sistema”, afirma Sérgio Firpo, professor de economia do Insper.

“Se a gente tivesse incorporado toda a sociedade, em um grande mutirão, e tentado usar de fato o sistema de pagamentos que existe no país, o sistema bancário, que tem capilaridade para poder chegar aos mais pobres, talvez a gente tivesse sido um pouco mais rápido.”


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