Para especialistas e ativistas da causa anticorrupção, a criação da nota de R$ 200, anunciada pelo Banco Central nesta semana, deve facilitar a prática de crimes, como a lavagem de dinheiro.
Roberto Livianu, procurador de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, afirma “ter certeza” de que a nova cédula facilita o transporte e a ocultação de dinheiro vindo do crime de uma forma geral.
“Quando você fala em nota de R$ 200, a mão de obra para o transporte em dinheiro fica muito mais fácil”, afirma.
Durante o anúncio da nova nota, Carolina de Assis Barros, diretora de Administração do BC, negou que a cédula poderia facilitar a corrupção.
“Nós temos um arcabouço de combate e prevenção à lavagem de dinheiro extremamente avançado e ele não é dependente apenas do valor de denominação das cédulas”, afirmou.
Livianu diz acreditar que a criação da nova cédula vai na direção contrária do que outros países têm feito, como também apontou o colunista do UOL José Paulo Kupfer.
Marcelo Issa, cientista político, advogado e diretor executivo da organização Transparência Partidária concorda. Ele cita uma medida do Conselho do Banco Central Europeu que, em 2016, decidiu que os países do bloco deveriam deixar de produzir cédulas de 500 euros. “Foi uma medida que contou com o respaldo e foi sugerida pelo organismo europeu de luta antifraude”, afirmou. “O Canadá tinha uma nota de 1.000 dólares canadenses e a retirou de circulação justamente por essa razão. Singapura fez a mesma coisa. O Reino Unido está no processo de discutir formalmente, já com procedimentos instaurados, para cancelar a nota de 50 libras.”
Para ele, a nova nota não facilitará apenas a corrupção, mas outros tipos de crime também, como tráfico de drogas e contrabando. “Todas essas iniciativas ilícitas preferem as notas maiores em função da maior facilidade de ocultação e de transporte”, disse.