Crianças e adolescentes não costumam ter sintomas graves por conta do novo coronavírus. É baixo o índice de hospitalização por COVID-19 nessa faixa etária. Mas uma nova doença, que está sendo chamada de Síndrome Inflamatória Multisistêmica Infantil (MIS-C, na sigla em inglês), pode abalar a noção de que os mais jovens estão imunes ao Sars-CoV-2.
Ela se manifesta semanas após a infecção pelo vírus, ataca todos os principais órgãos e decorre de uma reação inflamatória anormal do organismo, podendo levar à morte. O primeiro estudo a respeito veio da Inglaterra, onde os hospitais começaram a receber crianças sofrendo de uma forte e estranha inflamação, com febre associada a sintomas dermatológicos, renais, neurológicos e cardíacos.
Inicialmente, os médicos acharam que fossem casos da Doença de Kawasaki, uma disfunção imunológica rara que afeta crianças menores de 5 anos. Essa percepção foi reforçada por um estudo italiano, que relatou aumento de 30 vezes em uma doença “similar à Kawasaki” na província de Bergamo.
Apesar disso, foram detectadas duas grandes diferenças. A nova síndrome também afetava adolescentes, e a maioria dos pacientes analisados havia dado positivo para infecção pelo Sars-CoV-2. Os médicos perceberam que estavam diante de uma nova doença, que foi inicialmente batizada de “choque hiperinflamatório”, e agora de MIS-C. Ela afeta crianças e jovens que pegaram o coronavírus, mas não desenvolveram sintomas da COVID-19. Já foram identificados cerca de 200 casos na Europa e nos EUA.