Um dos principais e mais reconhecidos programas federais contra seca no semiárido sofre com cortes de verbas e tem uma previsão de redução de 95% no orçamento do próximo ano, o que ameaça inviabilizar a construção de cisternas nas zonas rurais do Nordeste.
Aliado de Michel Temer em Quixadá, o médico Ricardo Silveira (PMDB), que ganhou de Temer o cargo de Superintendente da Funasa no Ceará, nada diz sobre o que devem fazer as famílias que permanecem na fila de espera por uma cisterna de primeira água, destinada para consumo doméstico.
Esta fila de espera, segundo a ASA (Articulação do Semiárido, entidade que reúne 3.000 organizações sociais dos nove Estados da região semiárida), chega a 350 mil famílias. Nos últimos 15 anos, durante os governos Lula e Dilma, foram construídos mais de 1,2 milhão desses equipamentos. Já para as cisternas de segunda água –destinada à pequena agricultura e à criação de animais– há uma necessidade de 600 mil equipamentos.
Apesar dos avanços, do reconhecimento internacional (o programa foi premiado em setembro, na China) e da necessidade de mais cisternas, segundo a PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional, a previsão para 2018 é de que haja investimento de R$ 20 milhões, o que significa um corte de 95% em relação ao orçamento deste ano –quando a verba prevista foi de R$ 248 milhões.
Levando em conta que uma cisterna de primeira água custa em média R$ 3.100, em tese o valor daria apenas para construir 6.451 equipamentos, ou seja, menos de 2% da demanda –isso se todo orçamento previsto for executado. Já uma cisterna de segunda água custa em torno de R$ 13 mil. Os valores incluem o curso obrigatório que é feito pelos beneficiários do programa.
Uma maldade com o sertanejo sofrido!