Redes Sociais na Comunicação: Não se faz de qualquer jeito!

As redes sociais, a exemplo do Facebook, moldaram um novo mundo onde vivemos. Confesse: foi um efeito fantástico. Em pouco tempo, elas se expandiram, revolucionaram a forma de viver, de aparecer ao vivo em qualquer lugar do mundo e de se comunicar. Dado seu poder, elas passaram a ser estudadas nas faculdades de comunicação. Novos olhares e direcionamentos foram dados às redes, provocando o surgimento dos social media, uma nova profissão no mercado feita por jornalistas, marqueteiros e assessores de comunicação.

Em tese, toda empresa, órgão ou gente importante da mídia deveria ter um assessor de comunicação. Ele defende os interesses do assessorado, separa o joio do trigo, enaltece o que é bom em detrimento do que falam de ruim. A função de social média pode ser exercida por um assessor de comunicação porque o que ele faz é o mesmo, só que nas redes. Com isso os social media passaram a ser mais vistos por um novo público: os políticos, que passaram a visar ainda mais estes profissionais quando perceberam um outro poder que as redes tem: o de decidir o voto.

Hoje é quase impossível pensar que qualquer político não tenha uma rede social. O problema é que Facebook, Twitter, Instagram são de graça. E aí mora uma armadilha: os políticos passaram a acreditar erroneamente que dá para fazer as coisas de qualquer jeito, como que se empregasse algum valor zero na ferramenta, só porque não se pagou para tê-la.

Em um mês o tucano Aécio Neves perdeu 84 mil seguidores.

Quem pensa que as redes sociais podem ser tratadas como um instrumento operado de qualquer maneira, deveria se atentar a um levantamento feito pela revista Fórum. Em um mês o tucano Aécio Neves perdeu 84 mil seguidores. Isso aconteceu depois que Aécio se viu imerso em uma crise de imagem sem precedentes, com ele flagrado pedindo R$ 2 milhões em ligações e com a irmã presa, que na tarde da última terça (20) foi solta. A queda na audiência das redes sociais de Aécio Neves dão uma lição que muitos profissionais de comunicação lutam, diariamente, para conseguir pregar em seus clientes: não se faz de qualquer modo.

O tucano não é um caso isolado. Durante a tragédia da queda do avião da Chapecoense, no ano passado, o Catraca Livre, página do Facebook, publicou textos em formato editorial que foi uma enorme pisada na bola. Não deu outra: perdeu 300 mil seguidores em um único dia. Pode parecer simples, mas não é porque o que se vê como algo que se faz de qualquer jeito, virou ferramenta de trabalho.

Tratar as redes como um terreno sem dono, onde qualquer coisa basta é ofender seus profissionais. É como se desprezassem a faculdade que fizemos, os livros que lemos durante quatro anos, as teses que nos baseamos e os casos que estudamos. As redes exigem técnicas para gerenciar, modos de fazer, tanto é que há várias pós graduações em assessoria de comunicação abrindo vagas por aí, mostrando que esse é um terreno promissor. Não é jogar tudo lá de uma só vez e achar que basta, por exemplo. Informação demais, só atrapalha, apenas para explicar um erro entre tantos.

Camilo Santana, o governador do Ceará, tem dado uma aula de como se trabalha com as redes.

Camilo Santana, o governador do Ceará, tem dado uma aula de como se trabalha com as redes, aliás, ele não, os seus profissionais. São vídeos bem produzidos quase todos os dias, artes gráficas chamativas e um live semanal de onde saem várias matérias em jornal, provando que há vários profissionais que assistem a transmissão em busca de notícias.

Esse é ainda um terreno novo, delicado, onde colegas de profissão compartilham de um certo desgosto, ao ver acontecer com eles o contrário do que ocorre com Camilo Santana, por exemplo. A todos eles digo: não custa nada esperar. Uma hora, seja quando seu cliente for flagrado pedindo em ligações telefônicas R$ 2 milhões para pagar processos, seja quando sua irmã estiver presa, eles vão perceber. A audiência vai cair, seus seguidores vão pular fora e você não terá mais o que e nem para quem dizer. Você pode até ficar sem aquele emprego, mas ao procurar outro cliente não esquece de levar esse caso de fracasso debaixo do braço em teu portfólio, para que o outro entenda: não é de qualquer jeito.

José Avelino Neto é jornalista e escreve semanalmente para o Diário de Quixadá

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