Um dia desses, na academia, observando as pessoas, percebi “como o vestir-se” para estar naquele espaço ganha uma dimensão impactante para pessoas gordas. Desde o modo como elas interagem a, até mesmo, a execução dos exercícios.
Falar sobre autoestima, corpo e vestimenta requer, a princípio, o recorte necessário de que vestir o que se quer é um privilégio que não atinge todas as classes sociais e todos os corpos. No caso das pessoas gordas, embora se fale muito do quanto a atividade física é necessária, infelizmente o montante de lojas de roupas fitness slim é muito maior e bem mais variado do que as plus size.
Neste contexto, a roupa pode afetar nossa autoconfiança, e o desenvolvimento de um hábito necessário, como a atividade física. No que tange às pessoas fora do padrão, principalmente pessoas gordas, vestir-se de forma satisfatória tem impacto na autoconfiança e no empoderamento.
Baseando-se no meu lugar de fala, como mulher gorda que treina todos os dias, eu entendi que para me sentir bem em um espaço que nem sempre é acolhedor com pessoas fora do padrão, como é o caso de uma academia, precisamos nos sentir bem com a nossa imagem.
Investir em roupas para essa vivência de autocuidado que inclui exposição da imagem deixou de ser supérfluo e passou a agregar na motivação.
Quando outra mulher gorda me pergunta quais passos deve seguir para começar um processo de treino, eu digo:
1. Terapia para ajudar no autoconhecimento e no tratamento da ansiedade.
2. Amor próprio para se entender como merecedora de cuidados.
3. Um nutricionista que não seja terrorista alimentar, para ajudar a ter um bom relacionamento com a comida.
4. Um bom profissional da educação física, que não seja gordofóbico e que defenda que todo corpo é capaz de superar limites.
5. ROUPAS de treino novas, nas quais você se sinta confortável e bonita.
A roupa pode ser uma ferramenta poderosa para impulsionar nossa autoconfiança. Quando nos sentimos confiantes, somos mais capazes de enfrentar desafios, estabelecer relacionamentos positivos com os outros, com o ambiente em que estamos e, principalmente, com nós mesmas.
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Sobre a autora: Kercya Nara é formada em Letras, Especialista em Literatura e formação do Leitor. É Mestra em Literatura e Interculturalidade. Pesquisa sobre Representação Feminina na história, nas artes e na sociedade desde 2004. Atua como professora universitária nas Áreas de Literatura, Letramento, Comunicação, Pesquisa e Produção Científica. Escreve para o DQ todos os domingos, discutindo assuntos como autocuidado físico, social, mental e profissional.
