HRSC realiza cirurgia complexa sem transfusão de sangue em idosa Testemunha de Jeová

Maria Zeneide teve os valores às suas crenças preservados durante internamento. Foto: Sesa.

Uma paciente de 75 anos passou por um procedimento cirúrgico nesta semana no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, com o uso de uma máquina que reutiliza o sangue durante o procedimento. A iniciativa ocorreu através de uma parceria com o Centro de Hemoterapia do Ceará (Hemoce)

Maria Zeneide Vitoriano, moradora de Senador Pompeu, fraturou o quadril após uma queda e precisou fazer uma artroplastia, que é a substituição de uma articulação do corpo por uma prótese. Na triagem, a paciente informou ser Testemunha de Jeová, cuja crença religiosa tem restrições sobre transfusões sanguíneas.

Como não dispõe de um equipamento específico para utilizar sangue autólogo (do próprio paciente), o HRSC solicitou uma máquina ao Hemoce para que a paciente tivesse seu desejo atendido. O procedimento assegura o respeito às crenças dos pacientes. “Eu me sinto muito respeitada por essa atitude do Hospital, é um respeito a mim como pessoa e também como paciente, porque era algo que eu não gostaria de violar”, afirmou Maria Zeneide. O procedimento aconteceu na última quarta-feira (10) e ela já se recupera bem em casa.

Pela função que desempenha, a máquina leva o nome de Recuperação Intraoperatória de Sangue (RIOS/Cell Saver). “Essa máquina aspira o sangue durante o procedimento, faz a filtragem de impurezas, processa, e devolve o sangue autólogo ao corpo, se necessário”, explica Tiago Inácio, membro da Agência Transfusional do HRSC.

O processo é semelhante a uma transfusão, mas o sangue utilizado durante o procedimento é o da própria paciente, e não o de uma bolsa doada por outra pessoa, como complementa Claudianne Maia, coordenadora do setor RIOS do Hemoce. “O sangue é aspirado para um reservatório onde ocorre a separação das hemácias e em seguida é colocado em uma bolsa para reinfusão”, explica.

Equipamento faz a reutilização do sangue em pacientes que necessitem de reposição sanguínea durante cirurgia. Foto: Sesa.

Leonardo Miranda, médico e diretor da Gestão do Cuidado do HRSC, ressalta que respeitar a autonomia do paciente reflete boas práticas em bioética. “Quando escutamos e respeitamos crenças e opiniões, conseguimos envolver o paciente no seu cuidado. É muito gratificante poder oportunizar uma cirurgia, em que, no processo, oferecemos, além da segurança, o respeito”, pontua o diretor.

Acesse a publicação abaixo no Instagram e confira entrevista concedida a Gooldemberg Saraiva por Hitállo Santos, professor de enfermagem, cientista e pesquisador da Universidade Estadual do Ceará (UECE), sobre a pertinência de tratamentos alternativos às transfusões de sangue. O professor Hitállo fala do que tem estudado e notado em sua experiência profissional. “Considero super vantajoso a realização de tratamentos sem uso do sangue”, ele garante.

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