Gordofóbicos possuem vontade grotesca de humilhar e diminuir pessoas para massagear o próprio ego

Gordofóbicos se utilizam de dois discursos principais: o da preocupação com a saúde, usando as diretrizes da OMS, e o de uma ideia de que pessoas gordas que ousam dizer que gostam de si estão romantizando a obesidade.

É preciso deixar claro que quem usa do primeiro argumento, não está de fato preocupado com a saúde de ninguém. Muitas vezes, nem com a sua própria.

São pessoas com déficit crítico até para questionar como o IMC (Índice de Massa Corpórea), baseado em peso e altura, poderia ser padronizado para todos os biotipos. São confusas até em assimilar que um fisiculturista de 1,89m de altura e com 98kg de massa muscular seria considerado gordo para a OMS.

O incômodo parte, de fato, da grotesca vontade de humilhar e diminuir pessoas para massagear seu próprio ego, para sentir-se, por alguns instantes, minimamente superior.

É logicamente inconcebível a nível de interpretação que, ao dizer “eu me amo da forma que sou”, alguém entenda que ela esteja dizendo “seja gorda, é ótimo”.

É preciso lembrar que, infelizmente, dentro da medicina existe um mercado poderoso que se alimenta da insegurança estética.

Basta dizer que, entre os anos de 2011 e 2018, as cirurgias bariátricas dobraram no país e que, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), dos 105.642 procedimentos realizados em 2017 no país, 75% foram em mulheres.

Objetivamente, eu afirmo que a gordofobia caminha junto ao racismo, ao machismo, à homofobia e ao capacistismo. Na verdade, o gordofóbico é uma pessoa que defende uma estrutura social que reverbera determinados poderes privilegiadamente hegemônicos.

Quem se preocupa com a saúde alheia, investe no bem-estar do outro de forma integral, procura respeitar, evitando críticas ao corpo alheio, principalmente nas redes sociais, para que isso não impacte na saúde emocional e mental do outro.

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Sobre a autora: Kercya Nara é formada em Letras, Especialista em Literatura e formação do Leitor. É Mestra em Literatura e Interculturalidade. Pesquisa sobre Representação Feminina na história, nas artes e na sociedade desde 2004. Atua como professora universitária nas Áreas de Literatura, Letramento, Comunicação, Pesquisa e Produção Científica. Escreve para o DQ todos os domingos, discutindo assuntos como autocuidado físico, social, mental e profissional. 

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