Não há uma única janela em Quixadá que, aberta, não dê para a vista de um pequeno monturo, às vezes nem tão pequeno assim. A sujeira tomou conta da cidade e até é possível dizer, sem exageros, que a Terra dos Monólitos, mais importante centro da região, transformou-se na “capital da imundície”.
No centro da cidade, no calçadão de frente para a Câmara Municipal, o acúmulo de lixo produz a cena que se vê na foto acima. Ladeado por pequenos comércios e pontos de venda de produtos alimentícios, o monturo é o destaque negativo. Cães, gatos, ratos e até gado fazem a festa.
O pior é que não parece haver quem consiga, hoje, reverter a lamentável situação. A gestão interina, obviamente, não tem força para mediar a interação entre as duas empresas responsáveis pela coleta e pelo transbordo do lixo para o aterro sanitário de Senador Pompeu. E nem os despachos da Justiça são levados a sério.
O Dr. Welithon Alves de Mesquita, Juiz da 1ª Vara da Comarca de Quixadá, proibiu o poder público de colocar lixo no terreno que antes comportava o lixão do município. O magistrado estabeleceu multa diária de R$ 500,00 caso a decisão fosse descumprida.
A ordem judicial, porém, está sendo desconsiderada sem nenhuma cerimônia, e isto pode ser comprovado apenas com uma simples visita ao local, que já está tomado de resíduos.
Para a empresa RPC Locações e Construções, responsável pela coleta, a dificuldade reside no transbordo do lixo de Quixadá para o aterro em Senador Pompeu.
Apesar da determinação judicial mandando que a empresa DFL Serviços de Limpeza Urbana e Meio Ambiente cumprisse os termos do contrato com a prefeitura e fizesse o transbordo regular, isto não estaria acontecendo, segundo a RPC. Como resultado, os veículos coletores da empresa ficam cheios e não tem onde descarregar, o que acaba afetando a coleta nas ruas.
“Não há o que ser feito. Estamos fazendo nossa parte, mas precisamos que o transbordo seja realizado. Só que a empresa parece que é dona do mundo, não cumpre o contrato, todos sabem disso e ela não está nem aí”, afirmou um funcionário da RPC sobre a DFL, pedindo sigilo.
Nesta sexta-feira, 23, por exemplo, dos sete veículos coletores da empresa RPC, apenas dois estão funcionando. Os demais estão cheios de lixo e não tem onde fazer a descarga, já que as plataformas com o lixo não transbordado estão cheias e o transbordo ainda não foi feito pela DFL.
Enquanto a situação permanece desta forma, a ameaça à saúde pública é gritante.
Para se ter uma ideia do absurdo, a proprietária da casa ao lado do estacionamento da RPC está entrando com uma ação judicial contra a empresa porque sua residência, agora, está seriamente prejudicada. Os caminhões passam noites carregados de lixo no estacionamento e a fedentina se tornou insuportável na vizinhança. Ela também relata aumento no número de ratos, mosquitos e baratas e teme por sua segurança e saúde.
Trata-se, afinal, de um caso em que todas as partes precisam assumir a seriedade da situação e adotar medidas emergenciais e enérgicas, cumprindo seus deveres com a população, pagadora dos impostos que deveriam garantir a mais básica de todas as obrigações de uma gestão pública: a limpeza da cidade.