Quixadá enterrada sob o lixo se transforma na “capital da imundície” no Sertão Central; ordens judiciais são desprezadas

Calçadão no Centro comercial de Quixadá.

Não há uma única janela em Quixadá que, aberta, não dê para a vista de um pequeno monturo, às vezes nem tão pequeno assim. A sujeira tomou conta da cidade e até é possível dizer, sem exageros, que a Terra dos Monólitos, mais importante centro da região, transformou-se na “capital da imundície”.

No centro da cidade, no calçadão de frente para a Câmara Municipal, o acúmulo de lixo produz a cena que se vê na foto acima. Ladeado por pequenos comércios e pontos de venda de produtos alimentícios, o monturo é o destaque negativo. Cães, gatos, ratos e até gado fazem a festa.

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O pior é que não parece haver quem consiga, hoje, reverter a lamentável situação. A gestão interina, obviamente, não tem força para mediar a interação entre as duas empresas responsáveis pela coleta e pelo transbordo do lixo para o aterro sanitário de Senador Pompeu. E nem os despachos da Justiça são levados a sério.

O Dr. Welithon Alves de Mesquita, Juiz da 1ª Vara da Comarca de Quixadá, proibiu o poder público de colocar lixo no terreno que antes comportava o lixão do município. O magistrado estabeleceu multa diária de R$ 500,00 caso a decisão fosse descumprida.

A ordem judicial, porém, está sendo desconsiderada sem nenhuma cerimônia, e isto pode ser comprovado apenas com uma simples visita ao local, que já está tomado de resíduos.

Situação atual do terreno que comportava o antigo lixão de Quixadá. É evidente que determinação judicial que proíbe descarregar lixo no local está sendo descumprida.
Situação atual do terreno que comportava o antigo lixão de Quixadá. É evidente que determinação judicial que proíbe descarregar lixo no local está sendo descumprida.

Para a empresa RPC Locações e Construções, responsável pela coleta, a dificuldade reside no transbordo do lixo de Quixadá para o aterro em Senador Pompeu.

Apesar da determinação judicial mandando que a empresa DFL Serviços de Limpeza Urbana e Meio Ambiente cumprisse os termos do contrato com a prefeitura e fizesse o transbordo regular, isto não estaria acontecendo, segundo a RPC. Como resultado, os veículos coletores da empresa ficam cheios e não tem onde descarregar, o que acaba afetando a coleta nas ruas.

Caminhão da RPC cheio de lixo sem ter onde descarregar. Situação inviabiliza coleta de lixo regular.

“Não há o que ser feito. Estamos fazendo nossa parte, mas precisamos que o transbordo seja realizado. Só que a empresa parece que é dona do mundo, não cumpre o contrato, todos sabem disso e ela não está nem aí”, afirmou um funcionário da RPC sobre a DFL, pedindo sigilo.

Nesta sexta-feira, 23, por exemplo, dos sete veículos coletores da empresa RPC, apenas dois estão funcionando. Os demais estão cheios de lixo e não tem onde fazer a descarga, já que as plataformas com o lixo não transbordado estão cheias e o transbordo ainda não foi feito pela DFL.

Sujeira se acumula pelos bairros da cidade.
Sujeira se acumula pelos bairros da cidade.
Sujeira se acumula pelos bairros da cidade.
No centro da cidade os pequenos monturos se avolumam.

Enquanto a situação permanece desta forma, a ameaça à saúde pública é gritante.

Para se ter uma ideia do absurdo, a proprietária da casa ao lado do estacionamento da RPC está entrando com uma ação judicial contra a empresa porque sua residência, agora, está seriamente prejudicada. Os caminhões passam noites carregados de lixo no estacionamento e a fedentina se tornou insuportável na vizinhança. Ela também relata aumento no número de ratos, mosquitos e baratas e teme por sua segurança e saúde.

Trata-se, afinal, de um caso em que todas as partes precisam assumir a seriedade da situação e adotar medidas emergenciais e enérgicas, cumprindo seus deveres com a população, pagadora dos impostos que deveriam garantir a mais básica de todas as obrigações de uma gestão pública: a limpeza da cidade.


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