Elas estão na linha de frente do combate à pandemia de coronavírus em todos os municípios do Ceará. Por terem papel fundamental na luta contra o vírus, muias vezes se tornando a ponte entre a casa dos pacientes e o sistema de saúde, as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) estão entre os profissionais que devem receber a vacina CoronaVac no primeiro lote entregue aos municípios do Estado. A determinação está numa circular enviada pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) aos secretários municipais, datada do dia 13 de janeiro.
A vacina começou a ser aplicada em Quixadá no dia 18 de janeiro, num ato simbólico realizado pelo prefeito Ricardo Silveira no Paço Municipal. Naquela ocasião, Dona Margarida Maria, 68 anos, agente de saúde aposentada, foi vacinada.
Sete dias depois, até segunda-feira (25), nenhuma dose foi aplicada em qualquer outra ACS. A informação chegou ao DQ através das próprias agentes e de enfermeiras que pediram para não ser identificadas, mas foi publicamente confirmada, no Facebook, pela ACS Nara Lucy Paiva.
Nara também confirmou a existência de uma ordem da gestão para que as ACS preenchessem uma planilha com nome, CPF, número do CNS e outros dados de pessoas declaradas VACINADAS sem, contudo, terem realmente recebido a vacina. Ela pediu, inclusive, que as autoridades investiguem o assunto.
Todo o processo inicial de vacinação em Quixadá está envolto em mistério e está sendo investigado pelo Ministério Público do Ceará por causa de indícios da prática de “fura-fila”. Uma semana depois de começar, a população não sabe quantas pessoas se vacinaram, quem foi vacinado e por quais critérios foram escolhidos. A prefeitura mantém silêncio sobre o assunto. Sob pressão dos promotores de justiça, a prefeitura apresentou ontem, também uma semana depois de começar a vacinar, um Plano de Vacinação Municipal.
Quixadá recebeu 561 doses destinadas à vacinação de 34% de seus profissionais de saúde na linha de frente de combate à pandemia.
