Letalidade da Covid-19 é 2 vezes maior em Quixeramobim do que em Quixadá, aponta Sesa

Letalidade da Covid-19 é 2 vezes maior em Quixeramobim do que em Quixadá, aponta Sesa.

Embora sejam vizinhos e tenham características geográficas, populacionais e econômicas semelhantes, Quixadá e Quixeramobim apresentam cenários bem diferentes quando se trata dos impactos da covid-19 sobre suas populações.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), a letalidade, ou seja, a proporção entre o número de mortes e o número total de doentes, é muito diferente entre os dois municípios.

Enquanto em Quixeramobim a letalidade chega a 4.48%, maior do que a do próprio Estado, que é de 4.02%, em Quixadá esse número cai para 1.97%.

Por que a doença é tão mais perigosa em Quixeramobim? Em parte, a diferença de atuação dos governos municipais frente à crise sanitária ajuda a explicar.

A prefeitura de Quixadá, por exemplo, montou cedo um aparato de leitos de internação para acolhimento dos doentes com sintomas em agravamento. Antes mesmo do Governo do Ceará montar um hospital de campanha anexo ao Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), Quixadá já tinha 40 leitos à disposição. Uma unidade especializada covid, com laboratório interno que realizou mais de 6 mil exames, ajudou a salvar muitas vidas e a minorar os efeitos da doença nos pacientes.

Outra medida importantíssima criada na Terra dos Monólitos foi o programa de acompanhamento individual dos pacientes infectados. Equipes de saúde se revezam em visitações para atualização de diagnóstico e, ao menor sinal de evolução da doença, os pacientes podem ser internados ou transferidos para unidades de referência do Ceará. Essa medida aproxima os pacientes com sintomas mais graves de maior cuidado médico, o que pode fazer enorme diferença.

Nenhuma dessas medidas foram estabelecidas em Quixeramobim com a mesma técnica e antecedência. De certo modo, a população da Terra de Antônio Conselheiro ficou à mercê do avanço do vírus sem que o município empreendesse estratégias de proteção. Na realidade, a prefeitura ali até quis flexibilizar decretos do Estado, só não conseguindo por interferência do Ministério Público. As decisões da administração quixeramobiense priorizaram, nos primeiros meses, mais a política do que a gestão da saúde.

A localização do Hospital Regional no território de Quixeramobim, ao contrário do que alguns argumentam, não confere vantagem ao município em relação aos demais, dado que o equipamento atende a região e não prioriza Quixeramobim em detrimento dos demais. O HRSC trabalha com a demanda da região, não do município onde está localizado.

De acordo com último boletim epidemiológico, Quixeramobim tem 1.868 casos confirmados, 287 em isolamento obrigatório e 86 óbitos pela doença.


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