O vereador Marcelo Ventura votou, nesta quarta-feira, 21, para que a denúncia com pedido de impeachment contra Ilário Marques, produzida pela advogada da campanha do médico Ricardo Silveira em 2016, Flávia Cabral, fosse aceita.
Marcelo parece ser, atualmente, o vereador mais próximo da gestão do prefeito interino, João Paulo de Menezes Furtado. Nos bastidores o que se comenta é que vem dele boa parte das articulações contra o prefeito petista. Seria ele, ao lado de Ricardo Silveira, as figuras que se movimentam para dar sustentação política local à gestão atual.
Como não podia ser diferente, o parlamentar foi intensamente vaiado pelo público que lotou a câmara, a maior parte do qual era composto por apoiadores de Ilário e até por eleitores do próprio vereador.
Há quem considere que a postura de Marcelo Ventura no cenário atual representa um abandono da confiança que lhe foi dada pelo eleitor que o levou ao parlamento no âmbito de um projeto maior, que incluía aqueles a quem, hoje, ele faz oposição. Só o tempo para mostrar se isto procede.
Em seu voto contra Ilário Marques, Marcelo afirmou que era papel dos vereadores investigar e que votar contra seria renegar este papel. Em outras palavras, ele considerava legítimos apenas os votos a favor do recebimento da denúncia. Chegou a dizer que iria sugerir a retirada de artigos do Regimento Interno da Câmara que dão aos vereadores o papel de investigar. O argumento não tem condições de se transformar em algo prático.
Os votos, pelo sim e pelo não, estavam sustentados na legitimidade e legalidade. Os vereadores que votaram contra o recebimento da denúncia não estavam renegando seus deveres, mas os exercendo. Na democracia algumas opiniões podem não agradar quem pensa diferente, mas ainda assim são legítimas e válidas se prevalecerem como maioria numa votação como a que aconteceu na câmara nesta semana.
Num momento de maior tensão, quando estava sendo vaiado, Marcelo apontou o dedo para os populares e disparou: “Lavem a boca para falar dos vereadores.” Foi mais vaiado ainda.
Queria, obviamente, dizer que desejava trabalhar ao investigar Ilário Marques. O que todos perceberam ali, porém, é que os vereadores que votaram a favor do recebimento da denúncia não queriam outra coisa a não ser produzir polêmica e desgaste contra seu principal adversário. Certamente uma péssima maneira de fazer política.
