A guerra política dos irmãos Silveira contra seu principal adversário em Quixadá, o prefeito Ilário Marques, teve nesta quinta-feira, 28, um triste capítulo. As mídias a serviço da família que quer governar o município abriram espaço para uma postagem, feita por uma mulher nas redes sociais, cujo conteúdo, por si só, coloca vidas em risco por conter informação falsa e com potencial para desestabilizar a confiança da população nos serviços essenciais de saúde e combate ao novo coronavírus.
Na postagem, a mulher afirma que um exame realizado pela Secretaria de Saúde de Quixadá atestou resultado positivo para coronavírus em uma pessoa de sua família. Outro exame, feito dias depois em uma clínica particular, atestou resultado negativo para coronavírus. A partir daí, a mulher afirma que o exame errado é o da Secretaria de Saúde e ainda sugere que o município ganha recursos federais por cada caso que atesta positivo para a covid-19.
A postagem da mulher foi, então, compartilhada pelos irmãos Silveira em suas mídias com a afirmação adicional de que se trataria de uma denúncia séria. A postagem da mulher, no entanto, é repleta de desinformação e reproduz fake news que circula em todo o Brasil, principalmente em mídias bolsonaristas.
Quando as pessoas acreditam neste tipo de informação, diminui a disposição para colaboração com os profissionais de saúde, dá ao vírus a vantagem da crendice sem base e coloca, efetivamente, a saúde pública e a vida da comunidade em risco.
O que é preciso entender em casos assim?
Todos os exames laboratoriais são sujeitos a resultados que não refletem a real situação da pessoa testada. São os chamados resultados “falso positivos” e “falso negativos”. Esse conceito ficou bem conhecido durante a epidemia da Aids, pois houve relatos de pacientes falso positivos em número significativo, até que foram desenvolvidos novos exames laboratoriais confirmatórios bastante específicos.
No caso da Covid-19, não tememos tanto os resultados falsamente positivos, uma vez que o paciente deverá apenas cumprir regras mais rígidas para proteção da comunidade, as quais são devidas por todos nós no momento. Contudo, o resultado negativo gera uma sensação de segurança que pode ser enganosa, caso o resultado não reflita o real estado do paciente.
No caso da mulher que atestou primeiro positivo, havia a clara necessidade de cumprir a quarentena. Ela o fez, segundo a postagem. Cinco dias depois, quando realizou o segundo teste, é tempo suficiente para que um novo exame conclua pelo resultado negativo, pois o vírus é detectado no 10º dia e pode simplesmente não está mais no organismo no 14º dia.
Mas quando mídias colocam a população contra procedimentos de testagem, realizados por profissionais de saúde com experiência no que fazem e seguindo protocolos internacionais de combate ao novo vírus, isto é um desserviço gigantesco. Quantos vão deixar de fazer o teste por não acreditarem mais nele e, daí, ter evolução para um quadro clínico grave que poderia ter sido evitado? Vale ressaltar que o pré-candidato da família é médico e, em tese, deveria conhecer as nuances dos procedimentos de testagem, talvez impedindo a proliferação de desinformação.
Outra questão pertinente na publicação divulgada pelas mídias dos irmãos Silveira é a afirmação de que o município ganha dinheiro federal por cada caso de covid-19 confirmado. Não há muito o que se dizer sobre isso, já que não passa de informação falsa, refutada, inclusive, pelo próprio Ministério da Saúde.
Em vista de um cenário assim, a prefeitura pode, inclusive, acionar os meios legais, no âmbito da justiça, para proteger a população de desinformação deste tipo. É crime divulgar conteúdo que gere riscos à saúde pública. A única vítima desse modo de fazer política é a própria população.
