O município de Quixeramobim, no Sertão Central, está no período mais difícil de combate ao coronavírus. De acordo com a secretaria de saúde local, foram 86 mortes em decorrência da covid-19, mais de 30 só em agosto. No mês anterior já haviam sido registrados 27 óbitos.
Atualmente, 342 pacientes continuam em isolamento domiciliar obrigatório. A prefeitura não revela se faz ou não o acompanhamento individual do quadro clínico deles.
Dado preocupante, também, é o mostrado pelo Sistema IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Governo do Estado (Sesa), em relação ao número de profissionais de saúde infectados pelo vírus no município. De acordo com a Sesa, a incidência é de 286, com confirmação para 232 deles. O número é, de longe, o maior da região, o que pode revelar uma série de falhas de gestão da crise.
Em comparação com o município vizinho, Quixadá, o número de profissionais de saúde infectados em Quixeramobim é 3 vezes maior, embora Quixadá – por testar mais – tenha revelado números maiores de infecções da sua população. De acordo com a Sesa, Quixadá teve, até aqui, 96 profissionais de saúde com diagnóstico positivo para a covid-19.
Na Terra dos Monólitos a prefeitura teve a vantagem de entender a profundidade da crise com mais antecedência e de adotar medidas estratégicas para proteger, em especial, aqueles que cuidariam da saúde da população. Foi assim que, antes mesmo do governo do Estado enviar equipamentos de proteção individual às secretarias de saúde municipais, Quixadá adquiriu, por conta própria, centenas deles. E isto uns 3 meses antes do município atingir o pico de infecções. Os profissionais de saúde também tiveram prioridade nas testagens, o que permitiu isolar rapidamente aqueles positivados. Alguns com maior contato com pacientes repetem os testes com periodicidade quinzenal.
Medidas assim ajudaram Quixadá a manter um número baixo de profissionais infectados, considerando sua dimensão em relação às cidades vizinhas.
A prefeitura de Quixeramobim, por sua vez, impediu corretamente que o município avançasse para a fase 3 de retomada estadual da economia, e tenta deixar o atraso na adoção de medidas mais severas contra o avanço do vírus.