O município de Quixadá não está conseguindo executar um plano eficiente de vacinação. Na terça-feira (26), a Secretaria de Saúde tornou público um compilado de informações sobre seu aparato para vacinação, dados associados ao tema e intenções para as primeiras fases da aplicação do imunizante. Na prática, porém, a vacinação em Quixadá segue em ritmo extremamente lento.
Nos últimos dois dias, por exemplo, quando se esperava que a vacinação tivesse sido ampliada entre os profissionais de saúde da linha de frente do combate ao vírus, apenas 13 pessoas receberam as doses. Na quarta-feira foram sete vacinados. Na quinta-feira, apenas seis.
No mesmo período, o município vizinho, Quixeramobim, vacinou 236 profissionais de saúde, número 18 vezes maior que o de Quixadá. Desde que a vacinação começou, a Terra de Antônio Conselheiro acumula 691 vacinados, enquanto a Terra dos Monólitos vacinou apenas 289 pessoas. Parece óbvio para a população que alguma coisa deve estar errada em Quixadá, e os comentários sobre o assunto se multiplicam nas redes sociais.
Nesta quinta-feira, a Secretária de Saúde, Benedita Oliveira, e o Diretor da Unidade de Pronto Atendimento, Thiago Carvalho, disseram em coletiva que os idosos acima de 75 anos, em ordem decrescente de 90 anos ou mais, 85 anos ou mais, 80 anos ou mais e 75 anos ou mais, começarão a ser vacinados. A imunização se dará de forma domiciliar para os acamados, em sistema “drive-thru” e domiciliar para os demais idosos.
Benedita Oliveira não explicou porque o Bispo Emérito Dom Adélio Tomasim, de 90 anos, foi vacinado primeiro, no dia 19 de janeiro, em sua casa e pelo próprio prefeito, se a fase de vacinação dos idosos sequer havia começado, tendo naquele momento apenas os profissionais de saúde da linha de frente a prioridade absoluta. Dom Adélio tem enorme prestígio e é muito querido em Quixadá. De modo geral, a maioria das pessoas parece defender que ele mereceu receber a vacina. Partindo-se, porém, do pressuposto universal de que toda vida tem igual valor, a aplicação das doses contra a covid-19 segue ritos técnicos e sanitários estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do Estado.
O Ministério Público do Ceará investiga se o prefeito Ricardo Silveira usou doses das primeiras vacinas para promoção pessoal.
