Amigos e outras pessoas próximas ao vice-prefeito de Quixadá, João Paulo de Menezes Furtado, estão preocupadas com a saúde mental do político. Nos bastidores não se fala de outra coisa. Alguns sugerem que o caso pode ser grave e recomendam intervenção psiquiátrica; outros levam na brincadeira e até já o apelidaram de Tonho da Lua, em referência ao personagem icônico da novela Mulheres de Areia, que tinha dificuldade de lidar com a realidade, vivendo em fantasias criadas na sua cabeça.
É sabido de todos que João Paulo traiu o grupo que o levou ao cargo de vice-prefeito no poder executivo de Quixadá. Quando assumiu a prefeitura, em agosto de 2018, demitiu todo o secretariado de Ilário Marques, a quem ele, apenas dias antes, dirigia elogios. Depois passou a perseguir o próprio prefeito, contribuindo para a criação de um ambiente de denuncismo.
Mas a operação que afastou Ilário Marques naquele período acabou esbarrando em provas de que João Paulo, e não Ilário, é quem estava envolvido com cobranças de propinas de empresários do município. O Ministério Público chegou a pedir sua prisão e afastamento do cargo, e o caso continua a tramitar na justiça estadual.
Agora, João Paulo deu para filmar a si mesmo nas obras que estão sendo executadas no município. Nas gravações, em comportamento esquisito, o vice se comporta como se ele fosse o grande articulador destas conquistas. Na verdade, João Paulo de vez em quando percorre grandes distâncias no estado para subir em palanques onde pode ser visto ao lado do governador Camilo Santana. Depois publica fotos em suas redes sociais e diz que conversou com o governador sobre melhorias para a Terra dos Monólitos. A assessoria de Camilo, no entanto, nega que o vice prefeito tenha tratado institucionalmente sobre qualquer assunto de interesse de Quixadá com o gestor do estado.
A própria oposição a Ilário Marques, que se finge de aliada de João Paulo, o trata com desprezo nos bastidores. Recentemente, num grupo de Whatsapp sugeriram que ele passe a usar máscaras nas gravações nas obras da prefeitura, para que ele não fique gripado por causa da poeira. Outro o chamou de vice-corrupião. O corrupião é um pássaro silvestre que costuma ocupar ninhos de outras espécies para procriar. Ele também tem o hábito de invadir ninhos de outras espécies ,expulsando os donos e jogando para fora seus ovos ou suas crias. Ou seja: toma para si o que pertence aos outros.
Nesta quarta-feira, Ilário Marques, numa referência clara ao vice-prefeito, o classificou como “rapaz meio doido”, “sem caráter e sem personalidade”. Já o deputado Osmar Baquit, cuja parceria com Ilário Marques tem rendido bons frutos para o município, escreveu hoje em seu perfil no Facebook sobre o que chamou de “transeunte” e “paraquedista”. Disse o parlamentar, referindo-se às obras de construção do quartel do corpo de bombeiros em Quixadá: “Com a facilidade de acesso das redes sociais, qualquer TRANSEUNTE, principalmente aqueles que são “benfeitores” apenas nas palavras dadas na Internet, pode se armar de uma câmera, chegar em uma obra pública e se associar à ela. Porém, o povo bom de Quixadá sabe quem são seus filhos, que dedicaram toda a vida ao trabalho público e quem são os paraquedistas políticos que caíram na nossa cidade.”
Mesmo sem citar o vice-prefeito, a declaração de Osmar se ajusta perfeitamente ao comportamento de João Paulo.
João Paulo, aparentemente desconectado da realidade e com ideias perturbadas sobre o cenário político local, já virou chacota nos corredores da Assembleia Legislativa do Ceará, ambiente que ele frequenta para prometer os votos de Quixadá a vários deputados, um depois do outro. Depois que sai dos gabinetes, contam observadores, é tratado como maluco. Os deputados se comunicam entre si, e dizem que se João Paulo tivesse os votos que promete, teria que multiplicar Quixadá por seis ou sete ou se candidatar logo a governador.
O vice-prefeito sonha em ser candidato da oposição em 2020 e acha que o médico Ricardo Silveira poderá entrar como seu vice na chapa. Mais um tipo de pensamento que leva amigos a questionarem sua sanidade mental. O caso não é para tripudiação, mas pode ser sério e evidentemente pessoas mais próximas deveriam agir para ajudá-lo a lidar com suas próprias dificuldades psicológicas, caso realmente existam.