Com regime próprio e não incluído na Reforma da Previdência, Quixadá deixará de economizar mais de R$ 20 milhões em 4 anos

Com regime próprio e não incluído na Reforma da Previdência, Quixadá deixará de economizar mais de R$ 20 milhões em 4 anos

Quixadá, no Sertão Central, a exemplo de outros 63 municípios do Ceará, possui regime próprio de previdência para seu funcionalismo público. Isto significa que a aposentadoria dos servidores se dá através do Instituto de Previdência do Município de Quixadá (IPMQ). Os funcionários da ativa bancam o pagamento dos servidores aposentados, por meio de descontos mensais de até 11% nos seus proventos.

Quando o atual prefeito, Ilário Marques, deixou a prefeitura em dezembro de 2008, o IPMQ tinha reserva para assegurar o pagamento de aposentadorias para dois meses. Consequentemente, os aposentados recebiam seus pagamentos junto com os demais servidores. A partir de 2009, porém, o equilíbrio financeiro começou a diminuir nas contas públicas de Quixadá, e a situação do IPMQ foi mudando gradativamente.

Entre 2009 e 2016, o IMPQ ficou completamente desestabilizado e, por vezes, deixou de pagar aposentadorias com a devida regularidade. Sinal desta queda no equilíbrio se deu, por exemplo, em 06 de agosto de 2013, quando a então Superintendente do IPMQ de Quixadá, Regina Lúcia da Silva, assinou uma nota para a imprensa local explicando que a gestão João da Sapataria não efetuaria o pagamento antecipado da primeira parcela de 50% do 13º salário aos aposentados e pensionistas, como era feito em anos anteriores. Embora a nota tenha dito que haveria trabalho para antecipar os pagamentos, esta antecipação nunca mais aconteceu naquele período de governo.

Parte da nota da Superintendente do IPMQ de Quixadá, Regina Lúcia da Silva, em 2013, explicando que o IPMQ não pagaria primeira parcela dos aposentados no meio do ano.

O mesmo IPMQ que, antes, tinha dois meses garantidos de salários em seu caixa, em 2013 informava o que segue: “Não indicaremos data para este pagamento, tendo em vista que não queremos criar expectativa aos aposentados e pensionistas.”

Em 18 de maio de 2016, com o caos completamente instalado na prefeitura de Quixadá, um grupo de aposentados e pensionistas se viu obrigado a ir ao Fórum de Justiça para falar com o juiz sobre os seus pagamentos atrasados. Na época, a Superintendente do IPMQ era Natália Ester Bezerra. À imprensa ela afirmou que, mesmo em atraso, pagaria aos aposentados o mês de abril, faltando dinheiro apenas para os pensionistas.

Durante aqueles anos após 2008, o município começou a injetar dinheiro do Fundo Geral no IPMQ, já que apenas as contribuições previdenciárias não eram suficientes para bancar os aposentados.

Atualmente, o IPMQ recuperou parte do equilíbrio de antes, está mais organizado e paga aposentados e pensionistas assim que a arrecadação é concluída e processada, por volta do dia 10 de cada mês. Segundo a atual Superintendente, a advogada Zhandra Carvalho, as injeções do Fundo Geral ainda se mostram necessárias, mas agora em menor volume, em parte por causa dos novos servidores.

De fato, se por um lado a prefeitura avalia que pode ter dificuldades para pagar salários de um número cada vez maior de servidores públicos, por outro lado o aumento no número destes servidores facilita – e muito -, o funcionamento do IPMQ.

FORA DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

A reforma da Previdência ganhou um novo capítulo na última quinta-feira (13), com a apresentação do relatório do deputado federal Samuel Moreira (PSDB) na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. O novo texto apresentado poderá significar a perda de uma economia de mais de R$ 6 bilhões para 64 municípios cearenses ao longo de 10 anos, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Entre estes municípios está Quixadá.

O impacto negativo nas contas públicas dessas cidades virá pela não inclusão de estados e municípios no texto da reforma, o que deverá ser feito posteriormente. A CNM aponta que esse impacto é pelo fato de que, por já terem aplicado um regime próprio de Previdência e não serem contemplados, os municípios em questão não teriam direito às condições ampliadas de prazo para poder quitar o déficit previdenciário.

De acordo com os cálculos da CNM, os 64 municípios cearenses com regime próprio de Previdência deixariam de economizar R$ 1.578.789.596,99 nos primeiros quatro anos com a reforma. Na divisão bruta em partes iguais, a perda para Quixadá seria de mais de R$ 20 milhões nos próximos quatro anos. Mas o valor pode ser ainda maior, considerando as diferenças de arrecadação da cada município.


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