Um áudio compartilhado em grupos de Whatsapp em Quixadá contém informações estarrecedoras sobre a maneira como aplicações de vacinas contra a covid-19 teriam sido realizadas. Na reprodução aqui, o DQ alterou o tom da voz da pessoa. O áudio original permite sua identificação.
Gravado por uma Agente Comunitária de Saúde (ACS), o áudio narra que uma pessoa de nome Letícia teria aplicado doses usando critérios duvidosos.
De acordo com o áudio, primeiro uma pessoa liga para cadastrar um casal de idosos e, em seguida, é atendida em seu pedido. O casal recebe as doses. Depois, na volta do atendimento, a vacinadora para numa calçada, onde havia uma pessoa idosa sentada, e vacina essa pessoa sem cadastramento prévio, por simples escolha de momento. Para piorar, a ACS faz menção no áudio que as doses teriam sido aplicadas porque estavam ‘sobrando’.
“Vocês não vão acreditar no que aconteceu”, diz a ACS no áudio. Realmente, se os fatos narrados aconteceram desta forma, são estarrecedores, inacreditáveis. O assunto, evidentemente, precisa ser investigado pela própria prefeitura e também pelo Ministério Público do Ceará. Um cenário desses revelaria descaso com a ministração da vacina mais aguardada do mundo.
“Sobrou quatro doses, a Letícia veio dar. Quando voltou, viu um senhor na calçada, simplesmente parou o carro e foi vacinar. Resumindo: a rua inteira viu. Eu fui questionar ela porque que ela estava escolhendo ele pra vacinar se tinha idosos mais velhos. Ela disse simplesmente que tinha sobrado dose e que ia vacinar”, conta a ACS.
Como é possível a existência de doses sobrando em Quixadá nesta fase das aplicações? Com que direito alguém liga e consegue acesso à vacina? Esse um é procedimento padrão? Se for, qual o número para ligações de agendamento? Como se explica vacinar aleatoriamente uma pessoa sentada numa calçada? Distribuir vacinas aleatoriamente viola a relação de confiança entre poder público e sociedade. É algo grave que precisa ser apurado pelos órgãos de fiscalização.
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