Na ONU, Brasil adota postura da Líbia, Congo e Afeganistão sobre discriminação contra mulheres e meninas

Na ONU, Brasil adota postura da Líbia, Congo e Afeganistão sobre discriminação contra mulheres e meninas.

O Brasil decidiu se abster nesta sexta (17) na votação de um relatório do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre discriminação contra mulheres e meninas.

A resolução, que busca estabelecer parâmetros para eliminar o preconceito, foi proposta pelo México e orienta os Estados a tomarem medidas para solucionar o problema, incluindo possíveis impactos da pandemia sobre as mulheres.

Na fase de negociações, a representação brasileira alinhou-se a nações ultraconservadoras como Egito, Paquistão e Arábia Saudita. O Brasil sugeriu mudanças ao texto em conjunto com esses países —mas durante a votação de emendas preferiu se abster.

Rússia, Egito e Arábia Saudita sugeriram cinco emendas ao relatório final. Elas suprimiriam as orientações para que os países reconheçam jovens defensoras de direitos humanos, promovam a educação sexual universal, garantam os direitos reprodutivos, assim como o acesso aos serviços e à informação sobre saúde sexual e reprodutiva durante a pandemia do novo coronavírus.

A emenda sugeria a supressão de um trecho que orienta os Estados a garantir acesso a informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva na resposta à pandemia.

Ao deixar de votar, o Brasil se juntou a Líbia, Congo e Afeganistão, entre outros países ultraconservadores em questões de gênero.

Segundo Camila Asano, diretora da Conectas Direitos Humanos, o Itamaraty tentou “se esconder atrás da estratégia de abstenção”. O problema é que, segundo ela, a abstenção tem tanto peso prático —já que influencia o resultado se o placar for apertado— quanto simbólico.

“A diplomacia de Bolsonaro passou vexame duplo. Fracassou no seu objetivo de barrar a resolução e condenou o Brasil a ficar nos registros históricos da ONU como país que se absteve junto com Líbia, Afeganistão e Qatar em votações sobre direito das mulheres”, afirmou Asano.


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