O que poderia evitar crimes brutais como o assassinato da professora quixadaense?

Professora Socorro Gomes, de Quixadá, foi assassinada na manhã de quarta-feira, 01. Crime chocou a população do município.

Crimes como o que aconteceu ontem assombram nossa sociedade de bem. Uma profissional do ofício mais nobre de todos foi assassinada enquanto fazia sua caminhada regular. Todos ficam em choque por um crime de assassinato e o choque é ainda maior quando a vítima era alguém que só fazia o bem para outras pessoas. Mas essa tragédia poderia ter sido evitada. Como? Esse texto trata de apontar falhas em nosso sistema que, se concertadas, evitariam que esses e outros crimes acontecessem e aconteçam.

A primeira forma de impedir que esse crime acontecesse seria na concepção do indivíduo. Uma política pública de controle de natalidade eficiente impediria que pais tivessem mais filhos do que podem cuidar e evitaria uma gravidez indesejada. Meus avós tiveram 11 e 9 filhos, respectivamente. Meus pais, 4, e minha irmã apenas 1. Em 2006 uma pesquisa do IBGE constatou que quanto maior o nível de escolaridade e instrução dos pais, menor a média de filhos. Enquanto estes têm, em média, menos de um filho, famílias com renda familiar de até um salário mínimo tem em média 3. Menor poder aquisitivo representa maior dependência dos serviços públicos, ou seja, maior dependência do governo.

A segunda forma seria uma boa educação. Uma boa educação é o que nos ajuda em nosso crescimento intelectual e ajuda em nossa formação moral. Nesse ponto, entenda-se educação não apenas como conteúdo da escola, mas como um conjunto de ações necessárias para a formação do caráter do indivíduo. A educação para a formação do caráter se dá em maior parte em casa. Pais bem instruídos tendem a educar melhor seus filhos e a buscar uma escola com maior qualidade de ensino para lhe dar um leque de possiblidades profissionais. Além disso, bons pais estão presentes na escola, cobram as tarefas de casa e pedem aos filhos que contribuam também com as tarefas domésticas (Isso ajuda a formar o caráter). Uma escola de qualidade prepara as crianças para o ensino superior ou mercado de trabalho.

A terceira forma seria criar mais oportunidades de emprego, sobretudo para egressos do sistema prisional. O desemprego no país já ultrapassa 12% e a tolerância com ex-presidiários é ainda menor. Estudos feitos na área mostram a dificuldade para a reinserção de ex-presidiários no mercado de trabalho. Sem ter o que fazer, alguns dele acabam voltando para o mundo do crime.

A quarta forma seria um sistema prisional que cumprisse o seu papel de ressocialização dos presos. As cadeias são chamadas por alguns de “universidade do crime”. Depois que alguém entra lá e tem contato com diversos tipos de elementos de alta periculosidade, eles acabam desenvolvendo outras habilidades para o mundo do crime. Nas cadeias de alguns países os presos têm que trabalhar para contribuir com sua “estadia”. Além de ajudar na formação moral, o trabalho é uma maneira de ajuda-los a passar tempo e construir um pé de meia para quando saírem. As cadeias não deveriam servir apenas de maneira punitiva, mas também como uma maneira de educar o preso para que o mesmo possa ser posto em liberdade. Após uma avaliação psicológica, ao final da pena, o preso seria avaliado se ele estava apto ou não para voltar ao convívio comum com a sociedade.

A quinta forma seria um salário digno para os professores. Um senador falou certa vez que o salário de um professor deveria ser de R$9.500,00, ter carga horária menor e trabalhar em uma escola que lhe dê condições de desenvolver um bom trabalho. Com um salário melhor, os professores teriam padrões de vida mais altos, poderiam ter acompanhamento de um personal trainer em suas atividades físicas e se quisessem poderiam até se dar ao luxo de contratar um segurança ou comprar seus próprios equipamentos para sua academia particular.

E por falar em segurança essa seria outra forma de impedir que essa barbaridade ocorresse. Com mais policiais, câmeras de segurança e drones nenhuma área em nosso município ficaria descoberta dos olhos de nossas forças de segurança.

O crime ocorrido ontem atesta a falência de nosso sistema político. A falta de políticas públicas é a principal causa dos crimes no Brasil. No Brasil se investe mais em educação e se tem menos resultado do que em outros países. Isso pelo “custo” da corrupção e pela falta de eficiência na gestão dos recursos públicos. O maior sinal de que um país é desenvolvido e bem-sucedido não é que todos os seus cidadãos possam usufruir de serviços particulares, mas de que todos tenham acesso a serviços públicos de qualidade e façam uso de cada um deles.

Resta a nós orar por nossa nação. Deus abençoe a América (Brasil).

Diogo Bernardino é servidor público e escreve eventualmente para o Diário de Quixadá. 


Fontes consultadas pelo autor:

https://novaescola.org.br/conteudo/444/ser-professor-escolha-poucos-docencia-atratividade-carreira-vestibular-pedagogia-licenciatura

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2013/03/19/pesquisa-aponta-causa-da-dificuldade-de-reinsercao-social-dos-ex-presidiarios-76921.php

http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2014/11/professor-deveria-ganhar-r-9500-diz-cristovam-buarque-roberto-davila.html

http://economia.ig.com.br/2017-01-31/desemprego-no-brasil.html

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-03/reducao-no-numero-de-filhos-por-familia-e-maior-entre-os-20-mais-pobres

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