Algumas palavras sobre a morte de Lucas Pompeu

Quixadá amanheceu neste domingo, 07, com a noticia da morte trágica do jovem estudante de odontologia Lucas Ribeiro Pompeu, de apenas 23 anos. As redes sociais foram tomadas por menções a ele, feitas por uma enorme quantidade de amigos que fazem questão de destacar a alegria, a humildade, a decência e o privilégio que foi conviver com o rapaz.

A morte de um jovem é sempre muito mais chocante e abala os fundamentos da ilusão de segurança que temos sobre a vida, nos mostrando como “o tempo e o imprevisto sobrevém a todos.” (Eclesiastes 9:11) Um dos mais sábios discípulos de Jesus Cristo, Tiago, escreveu em sua epístola: “Nem sequer o dia de amanhã conheceis. Que vem a ser, afinal, a vossa vida? Sois como a neblina, que é visível por alguns momentos e logo desaparece.” (Tiago 4:14)

De fato, a morte faz parte deste mundo e os imprevistos podem apressá-la ainda mais, causando-nos muito mais dor as tragédias e fatalidades que a trazem à nossa percepção.

Há no evangelho de Lucas o relato emocionante de uma mãe idosa, viúva, provavelmente doente, e que havia acabado de perder seu único filho. Jesus Cristo a encontrou na entrada da cidade de Naim, quando o corpo do rapaz estava sendo levado para ser sepultado. A mãe, em prantos, encontrava-se ao lado do esquife. Revelando como a morte de um filho antes da morte dos seus pais abala ainda mais a todos, o relato conta que “muita gente da cidade a acompanhava”. Mas o ponto principal é o que o texto sagrado afirma sobre os sentimentos do próprio Jesus Cristo ao ver aquela cena. “Ao vê-la, o Senhor ficou com muita pena dela”, diz o relato. (Lucas 7:11-16)

Não nos esqueçamos de que, segundo a doutrina Cristã, Jesus é o filho primogênito de Deus, aquele que viu a criação do universo e que trabalhou, junto de seu Pai, na preparação da própria vida humana. Estava ali, diante daquela viúva enlutada, sem que ela soubesse, o Senhor da vida, Aquele que vence a morte, que está sobre o tempo e cuja plenitude não podemos sequer imaginar. Ao olhar para a idosa mãe que chorava a morte do filho, aquela entidade transcendente, visível na forma do carpinteiro de Nazaré, sentiu a dor do luto. “Com a mão sobre o esquife, Jesus disse: Rapaz, eu te ordeno: levanta-te! O morto se ergueu, sentou-se e começou a falar”, conta a Bíblia.

Não é fácil enfrentar a morte, especialmente de um filho. Sequer posso imaginar a dor dos meus amigos Bitônio e Telina, os pais do Lucas Pompeu, nesta hora de terrível angústia. O coração dos dois deve estar completamente destroçado. Só queria dizer a eles e compartilhar com todos que eu acredito naquele Senhor que dá ordens à morte e que tem poder para devolver às mães a vida dos seus filhos. Haverá, de fato, um tempo, segundo contam as Escrituras Sagradas, em que “todos os que estão nos sepulcros ouvirão a voz de Cristo e sairão”. (João 5:28)

Na certeza de que o Senhor é o mesmo ontem, hoje e sempre, é que aponto para os sentimentos de pesar que ele teve diante da morte do filho da viúva de Naim, compartilhados agora com os pais de Lucas Pompeu, e para quem, neste momento, devemos todos olhar com esperança de um novo tempo em que reencontraremos nossos entes queridos, em uma vida plena de paz e felicidade. Tal esperança cristã da ressurreição nos anima e nos faz perceber que esta vida não é tudo o que há.

Lucas se foi, mas deixou um legado de esperança numa juventude que acredita em sua própria força, na força dos estudos e do aprendizado para mudar a vida e mudar o mundo, na força da alegria e da humildade, bem como na força dos laços familiares, traços que marcaram a vida de Lucas. O testemunho de tantos amigos nas redes sociais, completamente abalados por sua partida, nos mostra o quanto este era um rapaz do bem. Que aquele mesmo Jesus que segurou a mão da viúva enlutada segure agora as mãos de Telina e Bitônio, de toda a família e dos amigos que com o Lucas conviveram. Há esperança em Cristo, e isto faz toda a diferença!

“Assim como em Adão todos morrem,
assim também em Cristo todos serão vivificados.
E como último inimigo,
a morte há de ser reduzida a nada.” 
(1 Corintios 15: 22,26)

Gooldemberg Saraiva é editor do Diário de Quixadá


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