No mínimo, algo muito esquisito. Em 06 de julho de 2015 o então Deputado Federal Danilo Forte (PMDB), enviou à Sociedade Quixadaense de Proteção e Assistência à Maternidade e à Infância, administradora da Maternidade Jesus, Maria e José, um ofício no qual cientificava a instituição de que estava destinando o valor de R$ 500 mil para aquisição de equipamentos que deveriam ser usados na sua unidade cardiológica.
De acordo com Danilo Forte, o recurso se originou de uma emenda sua ao orçamento de 2015, dentro do programa de Estruturação de Unidades de Atenção Especializada em Saúde.
Mas um detalhe chama muita atenção. O diretor da maternidade de Quixadá, a quem este ofício é dirigido, aparece como sendo o médico cardiologista Ricardo Silveira, que nunca foi diretor da maternidade. A ele estava sendo garantida a emenda de R$ 500 mil.
No dia 20 de novembro de 2019, dois advogados do médico Ricardo Silveira apresentaram este ofício à 1ª Vara da Comarca de Quixadá. Aparentemente, o objetivo era fazer parecer que o cardiologista havia operado, em nome da Maternidade de Quixadá, a conquista da emenda de R$ 500 mil, junto a Danilo Forte, para garantia da aquisição de equipamentos para a unidade cardiológica da instituição, ou seja, que a unidade possuía dotação orçamentária para começar a funcionar. O que diz a maternidade?
Em manifestação datada de 30 de janeiro de 2020, a Maternidade Jesus Maria e José informou à justiça que jamais recebeu este recurso de Danilo Forte. Explicou, também, que o médico Ricardo Silveira nunca possuiu “qualquer procuração para representar [a maternidade] em solicitações de recursos ou atuar em seu nome de qualquer outra maneira, sendo que a [maternidade] JAMAIS sequer tomou conhecimento da existência da suposta emenda parlamentar.”
A instituição ainda esclarece que, de fato, em 2015 “recebeu do Deputado Danilo uma emenda no valor de 846.904,00 para equipamentos do Centro Cirúrgico sem nenhum intermédio da empresa ré administrada pelo Dr. Ricardo Silveira.”
As perguntas que restam são estas: porque Ricardo Silveira era tratado pelo gabinete de Danilo Forte como diretor da Maternidade de Quixadá, cargo que ele jamais teve? Ele se apresentava como tal? O gabinete de Danilo Forte sabia que o médico não era diretor da maternidade? Onde foi parar a emenda de R$ 500 mil que a maternidade afirma jamais ter recebido? Se a emenda realmente não existiu, porque este ofício foi usada pela defesa de Ricardo Silveira como se ele tivesse realmente operado tal transferência junto ao então deputado?
Tentamos contato com Danilo Forte, que hoje é assessor especial da Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, mas não tivemos êxito.
Ricardo Silveira e Danilo Forte foram aliados políticos na campanha de 2016, um ano após a suposta emenda de R$ 500 mil, quando o médico tentou ser prefeito de Quixadá, mas sem êxito.
