“Eu não posso tá de porta em porta botando o povo pra dentro de casa”, diz prefeito de Quixeramobim

“Eu não posso tá de porta em porta botando o povo pra dentro de casa”, diz prefeito de Quixeramobim.

Quixeramobim demorou para adotar medidas mais severas de combate ao coronavírus. Durante os meses de avanço mais silencioso da doença, a prefeitura até quis contrariar os decretos do Governo do Estado e flexibilizar a quarentena. Fez isso, por exemplo, através do decreto nº 4.716/2020, de 20 de abril. A evidência é de que a gestão se preocupou, inicialmente, com consequências de natureza política em ano eleitoral. Pressionada pelo Ministério Público, voltou atrás.

O município, apesar de ser um dos maiores do Sertão Central, investiu pouco na testagem da população e postergou a tomada de decisões estratégicas de combate ao coronavírus. Quixadá, por outro lado, mesmo com seus gestores enfrentando uma chuva de críticas de opositores e o uso diário de rádios locais para desprezar e minimizar a importância das ações de prevenção e combate à covid-19, superou o pico da doença e hoje tem menos de 60 pessoas infectadas e recebendo acompanhamento multiprofissional. Isso diz muito sobre a situação de Quixeramobim.

Agora, porém, o prefeito Clébio Pavone tenta jogar a responsabilidade exclusivamente sobre a população. Em entrevista concedida à Rádio Campo Maior, chegou a falar em realizar lockdown e fechar totalmente a cidade por 15 dias.

“Se permanecer nesse crescimento, nós vamos ter que tomar atitudes mais rígidas, que a gente não quer tomar. Seja, talvez, a execução das multas, um lockdown no município, fechar por uma ou duas semanas, que não entra nem sai ninguém. Tudo isso está sendo pensado, se caso a população de Quixeramobim não ajudar e não contribuir”, dise o gestor.

“Parece que a população perdeu o medo. Eu não posso tá de porta em porta botando o povo pra dentro de casa”, insistiu Pavone.

No último mês de julho, com os casos confirmados e óbitos por Covid-19, Quixeramobim se tornou o epicentro da pandemia na região. Ao todo, foram 27 mortes em um mês. Além disso, o município possui o maior número de pacientes em acompanhamento – 465 ao todo – em comparação com as outras cidades da região.


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