Nada mais forte para ilustrar o enorme preconceito racial que ainda domina o Brasil. O próprio presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira, no exercício de sua função parlamentar, dispara contra colegas inquietos com sua presidência uma frase que expõe sentimentos primitivos, típicos dum espírito coronelista: “Baixe o dedo. Não sou nêga sua!”
A exploração da escravidão de negros no Brasil deixou sequelas profundas no país. Tratados como propriedade particular durante séculos, os negros ainda lidam com manifestações ofensivas à sua dignidade. No museu Jacinto de Sousa, em Quixadá, há um livro com nomes de escravos. Nele aparece a idade, a descrição da capacidade de produção e até se o negro era bom reprodutor. A declaração de Eunício forçosamente faz lembrar esse período no qual negros tinham donos.
ASSISTA:
A confusão aconteceu no plenário do Congresso Nacional na terça-feira, 29. O tumulto na sessão começou quando a oposição da Casa tentava impedir os governistas de destrancarem a pauta para votar a revisão da meta fiscal.
O senador João Alberto Souza (PMDB-MA), que presidia a sessão, negou questão de ordem apresentada pelo deputado Weverton Rocha (PDT-MA) e continuou votação de vetos presidenciais, gerando protesto de um grupo de parlamentares. Neste momento, Eunício assumiu a presidência da sessão.
Pouco tempo depois, Weverton chegou a arremessar um livreto com o regimento interno da Casa em direção à Mesa Diretora, enquanto colegas gritavam contra a “ditadura da Mesa” e protestavam com os dedos levantados. Foi neste momento em que Eunício proferiu a frase desastrada. (com informações do O Povo)
